382-2021-10

129 AutoData | Outubro 2021 porque os fabricantes de móveis recru- tados para fazê-los ainda desconheciam os efeitos da aceleração. Hoje, apenas pouco mais de trinta anos depois, fabricantes nacionais de autopeças alinham-se entre os melho - res fornecedores do setor automotivo a nível mundial. Ao mesmo tempo em que as montadoras conseguem registrar no Brasil índices de qualidade e de produ- tividade que chamam a atenção de suas respectivas matrizes. Neste meio tempo, foi em volta do setor automotivo que o movimento ope- rário conseguiu reorganizar-se no Brasil, gerou o Partido dos Trabalhadores, quase fez um presidente da República e, no mínimo, contribuiu de forma marcante para a modernização das relações entre o capital e o trabalho. Foi também em torno do setor auto- motivo que os empresários nacionais do setor de autopeças geraram uma enti- dade de classe forte, o Sindipeças, que chegou a fazer um presidente da Fiesp e foi capaz de influir de maneira decisiva na formatação de políticas industriais em várias fases da vida econômica nacional. Foi igualmente o setor automotivo que contribuiu com a organização, como ca- tegoria econômica de peso, de um seg- mento específico do comércio, desem - bocando na primeira legislação específica * Por James P. Womack, Daniel T. Roos e Daniel Ross, 347 páginas, edição brasileira da Editora Campus, com revisão técnica e apêndice pelo prof. José Roberto Ferro. voltada à normatização das relações entre quem fabrica e quem vende. Na área financeira, os exemplos são ainda mais frequentes. A começar pelo surgimento dos consórcios, uma invenção brasileira basicamente desenvolvida para permitir a venda de automóveis num país sem renda suficiente para isto. O mesmo sistema de consórcio que hoje garante a venda de geladeiras, fo - gões, televisores e, até mesmo, de imó- veis. Agora, é a vez da produção enxuta citada na abertura do livro. Ela já pode ser vista em pleno funcionamento na maior parte das montadoras instaladas no País. E – mais importante – também em boa parte de seus principais fornecedores, grande parte deles empresas nacionais. Por tudo isto, não seria exagero afirmar que a indústria automobilística é, também “a máquina mudou o Brasil”. E que, aliás, continua mudando a cada novo modelo lançado. Afinal, há história recente des - te setor, bem mais importante do que a chegada dos novos modelos tem sido a introdução, pelas montadoras e por seus fornecedores, dos novos sistemas de pro- dução e de administração que permitem a colocação dos produtos no mercado com padrões de qualidade e de produtividade cada vez mais próximos aos vigentes no chamado mundo desenvolvido. Reprodução na íntegra de editorial de AutoData publicado em junho de 1993

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=