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126 Outubro 2021 | AutoData HOMENAGEM A S STÉFANI » ARTIGO fatos, produzir relevâncias e entregar valor para os leitores. Dizem que tomar deci- sões empresariais é desgastante, demanda grande responsabilidade, e nem todos são capazes ou estão preparados. Pois produzir reportagens sobre economia, negócios e política também. Só que aqui na Editora estamos acostumados, pois fazemos isso todos os dias. Inclusive aos sábados e do- mingos, feriados e dias santos. Na enorme sala da casa na rua Verbo Divino, a partir de 2004, eu acompanhava com olhos e ouvidos atentos todos esses elementos circulando na Redação da re- vista AutoData. George Guimarães, editor chefe, sempre calado e compenetrado nos textos que editava. Falava pouco, às vezes ao telefone, mas o resultado final publicado na revista me surpreendia qua- se todos os meses. Marta Pereira e sua organização impecável que não deixava quase nada – ou quase nada – escorregar o prazo. O Soutinho e sua vasta experiên - cia no segmento de veículos comerciais, mas, também, um texto criativo, ousado e preciso. A equipe de repórteres era muito boa, os diretores sempre estavam ali para saber como tinha ocorrido tal entrevista e todos aprendíamos uns com os outros, produzindo muito conteúdo. Foram anos intensos exercendo o jor- nalismo no seu mais alto nível com esses e outros grandes profissionais que che - garam. Tínhamos reuniões semanais com Stéfani para discutirmos macroeconomia. Eram sessões regadas a café e cigarros, muitos, logo às 10 da matina. Enquanto ele relembrava os fatos que acompanhou de perto e publicou em algum lugar fui conhecendo um pouco mais sobre a im - portância da credibilidade: Stéfani contava que desde o início da Editora, e antes, na GazetaMercantil, poderia ligar diretamente para a mesa da secretária do presidente da General Motors ou da Volkswagen, ou de qualquer outra fabricante, que havia grande possibilidade de ser prontamente atendido. AutoData nasceu desse, digamos, poder de Stéfani, Vicente, Sérgio Duarte, Fred Carvalho, aqueles que assinaram as primeiras edições, ou os pioneiros. Esse tipo de atitude era algo comum a todos os diretores e editores na minha época como repórter. Gente com muito mais experiência, e credibilidade, ativos importantíssimos no passado e no pre- sente. Hoje, ter o número do telefone do presidente é raridade e algo impensável para assessores que constroem redoma de proteção emvolta dos executivos. Mes- mo assim continuamos dialogando com os líderes do jeito que dá, muitas vezes sem que secretárias e assessores fiquem a par. Isso quer dizer que em alguns luga- res a nossa credibilidade ainda é capaz de abrir portas para o diálogo e o exercício do jornalismo da forma como acreditamos e praticamos. É exaltando esses valores profissionais – que todos os que passarampor aqui con- quistaram – que AutoData inicia a conta- gem regressiva para os seus primeiros 30 anos. Somos pioneiros naquilo que nos propusemos fazer e continuamos seguindo os passos dos fundadores para produzir conteúdo de qualidade e relevante. Ao longo dos próximos doze meses reproduziremos aqui umpouco da história que AutoData registrou em um período tão importante para a indústria automotiva global. Começaremos comos artigos opi- nativos de S Stéfani. Uma justa homenagem e, também, uma oportunidade para os lei- tores saberem mais como a sua memória contribuiu para a memória que AutoData acumulou sobre o setor automotivo nesses 29 anos.

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