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120 Outubro 2021 | AutoData HOMENAGEM A S STÉFANI » ARTIGO O telefone toca: “Alô, é o Cham - pollion?”. Essa antonomásia do S Stéfani nada mais era do que a carinhosa maneira de substituir meu nome, Campoi, por Champollion, o célebre arqueólogo e professor francês de linguística. Mas, até hoje, não sei se ele cunhou esse nome para me rotular como um jurássico da comuni- cação ou por ser um estudioso da ciência da linguagemverbal. Seja qual for sempre curti esse informal tratamento do querido amigo que lamentavelmente nos deixou. Tenho a certeza de que seus familiares receberammuitas manifestações de pesar dos amigos e pessoas de seu relaciona- mento, retratando-o como um cara afável, bem-humorado, sutil, gentleman –mesmo quando irônico –, um profissional incrível, com uma memória privilegiada e um texto brilhante. E responsável por uma família admirável. Por isto tudo nem vou me ater, e ser redundante, em tecer loas ao Stéfani mas, sim, contar algumas histórias, dentro do espaço que me é permitido. Stéfani sempre teve uma característica de nada anotar durante suas entrevistas, a não ser dois ou três números no seu inseparável bloquinho. Lembro que, numa delas, o entrevistado, um exigente execu- tivo de uma grande indústria de autopeças para qual estávamos fazendo um trabalho pontual, me perguntou se “o repórter não havia gostado do que ele falou”, porque percebeu que ele nada havia anotado depois de mais de uma hora e meia de entrevista. Respondi que essa era a for- ma de aquele repórter entrevistar e que Por Enio Campoi Recordações de Champollion aguardasse até o dia seguinte pra conferir. Amatéria, porém, só foi publicada três ou quatro dias depois. Ansioso o executivo ligava todas as manhãs me cobrando a publicação. Era uma segunda-feira e, final - mente, a matéria foi impressa, plena, sem equívoco algume até comumcerto desta- que. A entrevista teve grande repercussão para o cliente. Por causa disso fechei um contrato de um ano de assessoria com a empresa. Te devo essa, amigo... Desde meados dos anos 70, e durante treze anos, atendemos a Fiat Automóveis no Brasil. Foi nesse período que conheci Stéfani e, por meio de uma série de ma- térias sobre a vinda da empresa italiana ao nosso País, tornou-se especialista na marca. Não sei exatamente se devido à Arquivo Pessoal

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