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12 Outubro 2021 | AutoData Entrevista a Marcos Rozen ENCRENCAS DE BACIADA Diante do cenário atual já existe uma projeção da Anfavea para 2022? Apandemia trouxe uma turbulência glo- bal de produção, desde o fim do ano passado, quando a produção foi reto- mada de forma mais forte. Faltou aço, pneu, plástico, borracha... percebemos já ali o caso dos semicondutores, que continua a ser o mais relevante. A pan- demia é um bicho complexo, mas não se imaginava que fosse desse tamanho e com tantas consequências. Estamos enfrentando-as de maneira mais forte neste ano e as enfrentaremos também em 2022. Está muito difícil fazer qualquer planejamento, porque se soma a isso a dificuldade logística, com falta de navios, contêineres... é um momento pratica- mente de pós-guerra. Esse cenário torna qualquer previsão dificílima. Eu já vivi várias crises, mas essa é uma mistura de problema sanitário que trouxe impactos econômicos, desmantelou o sistema global de produção... a pandemia trouxe muitas consequências, o quadro émuito complexo. Alguma previsão de quando esse quadro poderá se normalizar? Em setembro, por exemplo, que foi bem fraco, tivemos novas paradas de fábricas, por mais tempo, isso aqui no Brasil e lá fora também. Aquestão dos semicondu- tores só deverá se resolver emmeados do ano que vem. Em resumo 2021, sem falar em um número, será um ano difícil, pior do que imaginávamos no começo. A possibilidade de recuperar o volume perdido ao longo do ano fica a cada dia mais distante. E o último trimestre do ano passado foi bemmelhor do que os períodos anterio- res, o que eleva a base de comparação... Exatamente, pois naquele momento tí- nhamos demanda e oferta, e agora te- mos um estoque baixíssimo e não esta- mos produzindo na velocidade comque gostaríamos. Por isso teremos números negativos na comparação com o ano passado neste período, em produção e FROM THE TOP » LUIZ CARLOS MORAES, ANFAVEA em emplacamentos, o que levará a uma redução do ritmo total de crescimento no acumulado. O quanto cairá é difícil de calibrar, exige um acompanhamento diário. Isso poderia de alguma forma puxar um crescimento um pouco melhor no ano que vem, pela demanda reprimida? Partindo do pressuposto que o proble- ma de oferta diminuirá, talvez a partir do segundo trimestre, sim. Haverá um crescimento, mas para estimar o seu tamanho dependemos de outras ques- tões, especialmente econômicas, que podem limitar esse efeito. A inflação está muito alta, e não é só no Brasil: os bancos Central estão reagindo e aumentando as taxas de juros, o que aumenta o custo do crédito. Alguns especialistas estão falando até em PIB abaixo de 2% no ano que vem, o que afeta muita coisa. Ainda assim, e de maneira geral, esperamos crescimento tanto no mercado interno quanto nas exportações. A crise energética também preocupa para 2022? Sim, por afetar substancialmente não só os custos com energia como a inflação, que por sua vez afeta o consumo. Es- tamos torcendo para que não ocorram interrupções de fornecimento, mas é difícil saber. Se fazer previsões econômi- cas já é difícil, prever o clima é ainda pior. Aentrada emvigor do Euro 6 no início de

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