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118 Outubro 2021 | AutoData HOMENAGEM A S STÉFANI » ARTIGO A melhor reportagem de S Stéfani, ao menos para mim, não foi publi- cada nem em AutoData nem na Gazeta Mercantil, os dois principais veículos nos quais ele esteve ao longo de quase cinquenta anos de carreira. Mas sim na Playboy, da Editora Abril, aquela intitulada Os 403 Dias que Abalaram um Império, onde ele retratou a crise aguda que tomou conta da Volkswagen a partir do lançamento do Gol commotor refrige- rado a ar, seu fiasco de vendas e uma série enorme de encrencas que se sucederam. E na qual ele confirmou que um diretor de alto escalão daVWà época fez tudo o que pode para que oVoyage usasse o mesmo motor do Gol no lugar do refrigerado a água do Passat, como ocorreu. É uma daquelas matérias que a gente volta as páginas só para ler o crédito: bem pensada, bem apurada, bem escrita e bemhumorada. Ele deu umbaile até na Maria Cláudia, amoça atriz da Globo que estampava o pôster, como certamente a melhor coisa publicada naquela edição 77, em dezembro de 1981. Pelo que me lembro a partir de seus relatos, e isso já faz tempo, Sté- fani teve problemas após a publicação da matéria. Não exatamente com a VWmas sim com a Gazeta Mercantil, que na época não permitia a seus repórteres fazer freelas para qualquer publicação. Mas a matéria, por seu brilhantismo, ganhou não só cha - mada de capa como um prêmio, o Esso de Informação Econômica. A traquinagem, assim, foi descoberta, Por Marcos Rozen O dia em que Stéfani saiu na Playboy mas as consequências, novamente dado o brilhantismo do texto, não passaram de um pito. Hoje já quase ninguém ouviu falar des- sa matéria, assim como pouca gente sabe que o primeiro nome do Stéfani era Apa- rício. A lei sagrada número 1 de AutoData sempre foi a proibição total e completa de chamá-lo desta forma, pois, rezava a lenda, ele não gostava deste nome – algo provável dado que assinava desde sempre S Stéfani e não A Stéfani ou AS Stéfani, sendo que o S é de Siqueira, nome da par- te de mãe. Mas sempre foi assim, mesmo que com isso muitas vezes telefonassem à editora procurando “a” Stéfani. Essa era uma das coisas interessan- tes sobre ele: em momento algum ouvi de sua boca algo como “Não me chame de Aparício” ou “Não gosto deste nome”. Nunca, ainda que Rafael Cusato Arquivo essoal

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