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114 Outubro 2021 | AutoData HOMENAGEM A S STÉFANI » ARTIGO troca de ideias. Isto foi muito importante na minha formação, vez que nossos pais eram bastante humildes e ele foi o pri - meiro na nossa família a alcançar um nível intelectual e profissional mais avançado. Óbvio que ele teve bastante influên - cia sobre o fato de eu também seguir o caminho do jornalismo, vez que passei praticamente toda a minha adolescência observando muito de perto o desenvol- vimento daquele profissional que, pelo menos para mim, já nasceu sério e com- petente. Sua ajuda foi grande: ele me ajudou a conseguir meu primeiro estágio, me apre- sentando para o Ênio Campoi, dono da melhor agência de assessoria de imprensa dos anos 80, a Mecânica de Comunica- ção. Também copidescou meus primeiros textos e assim ajudou a escrever minhas primeiras matérias. E mesmo após eu crescer, me desen- volver profissionalmente e seguir meu ca - minho, continuei tendo a sensação de que ele estava sempre por perto. Como, por exemplo, em 1989, quando assumi o cargo de gerente de imprensa da Scania e fui re- cepcionado pelo chefe, Mauro Marcondes Machado, que me disse “finalmente terei um Stéfani trabalhando comigo”. Durante os seis anos em que trabalhamos juntos ele nunca me chamou de Márcio e sim de Stéfani. Algumas revelações: a primeira é que o ‘S.’ do nome dele não era Sérgio ou Sidney, como várias pessoas pensam até hoje. Este ‘S’ refere-se a Siqueira, que é o nosso sobrenome do meio, o materno. O nome verdadeiro é Aparício – Aparício de Si- queira Stéfani. Ele adotou nosso sobrenome paterno, Stéfani, como nome, porque fez o ensino médio na escola de oficiais da Força Pú - blica de São Paulo, atual Polícia Militar, e se acostumou a ser chamado assim. Ob - viamente o fato do nosso pai ter escolhido o nome Aparício, que, convenhamos, não é lá muito comum, em homenagem a um centroavante corintiano da década de 20, também deve ter ajudado bastante. Sempre chamou muita atenção o fato de o Stéfani, apesar de ser considerado por todos como um dos principais jornalistas do setor automotivo brasileiro, nunca ter sido visto dirigindo um carro. Toda vez que era perguntado sobre isso respondia que gostava muito de correr, que se considerava um irresponsável no volante e, por isto, não dirigia. A verdade é que ele teve duas experiências terríveis ao volante: a primeira a bordo de umDKW Fissore que, por ter motor dois tempos, necessitava receber óleo junto com a ga- solina quando abastecido. Ele não fazia a mínima ideia de que isto era necessário e fundiu o motor. A segunda foi quando comprou um lindo Karmann Ghia branco e, ao entrar na Av. Celso Garcia, na Zona Leste de São Paulo, sentiu-se terrivelmente ameaçado pela grande quantidade de ônibus que corriam por todos os lados. Ali tomou a decisão de que seria mais confortável e seguro ficar no banco do passageiro. A principal revelação é o segredo sobre como ele escrevia suas matérias sem anotar uma virgula sequer, uma das características que mais marcaram sua vida profissional, Só que isto, em sua ho - menagem, e mesmo sabendo como ele fazia, não vou contar! Digamos que, ofi - cialmente, ele tinha mesmo uma grande memória... Agradeço a todas as pessoas por seu carinho neste momento difícil. Recebi centenas de mensagens vindas de todo o mundo mostrando o respeito e admira- ção que todos sempre tiveram por ele. ‘S ponto’ virou estrela e tenho certeza, seja lá onde quer que esteja brilhando agora, recebeu todas estas vibrações positivas e está muito orgulhoso em saber que sua passagem por aqui foi proveitosa. Fique em paz, meu irmão, e tenha cer - teza de que seguiremos em frente com o teu sonho.

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