382-2021-10

101 AutoData | Outubro 2021 nados ao setor produtivo, situação que pode se inverter diante da nova política do Banco Central de elevar a taxa Selic: “No ano passado se financiava com juros mensais abaixo de 1%. Agora já está acima e com expectativa de mais elevações. Isto pode desestimular o setor”. O executivo assinala que o Brasil tem participação de 3% no mercado mundial de máquinas rodoviárias, que supera a casa de 1 milhão de unidades/ano. Ele estima que havendo consolidação das concessões o volume poderá chegar a 70 mil anuais, que, garante, as plantas locais têm capacidade de atender. A única ameaça, mesmo no cenário mais conservador, é a falta de componen- tes, como motores, eixos, pneus e outros eletrônicos: “Ao passo que a mecanização de- mandou alta destes conteúdos em todo o mundo a pandemia desestruturou a cadeia. Com a demanda atual, acima do que se esperava, temos ummomento de desabastecimento. Já temos máquinas incompletas nos pátios”. Com relação às matérias-primas, como aço, Daniel afirma que a situação está me - lhor equacionada, acreditando em esta- bilização dos preços e até mesmo recuo, caso se confirmem cenários de queda na produção mundial, especialmente na China. Mas faz a ponderação de que o mercado global pode se manter aquecido caso os Estados Unidos aprovem o plano de US$ 3 trilhões de investimentos: “Es- tamos muito dependentes da conjuntura macroeconômica mundial”. ALTAS EXCEPCIONAIS Os fabricantes de máquinas e equi- pamentos agrícolas têm uma expectati- va mais otimista. Para 2022 a projeção é crescer 10%, mas sobre uma base muito forte, que teve avanços de 27% em 2020 e deve chegar a 40% em 2021 – até agos- to as entregas foram 53% maiores. Pedro Estêvão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas daAbi- maq, Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, define que “são dois anos Divulgação/Volvo CE excepcionais, considerando que a média de crescimento era de 3% a 5%”. Ele pondera, no entanto, que o segun- do semestre de 2022 é incerto. O sentimento se sustenta na projeção de repetição de boas safras agrícolas, de taxa de câmbio acima de R$ 5 e recursos para financiamentos a juros razoáveis. Mas alerta que, mantida a elevação da inflação e da taxa Selic, o cenário de confiança pode ser alterado e “atrapalhará”. Estêvão destaca que as vendas têm sido puxadas pelas culturas de exporta- ção cotadas em dólar, como soja, milho, algodão, café, laranja, carnes e celulose, com a venda equipamentos diversos, de forma a atender todo o ciclo, como preparo do solo, plantio, adubação, pulverização e colheita. O Centro-oeste é o mercado que mais tem demandado equipamentos em função do aumento da área plantada, que exige máquinas maiores e commuita tecnologia. O desempenho se confirma no aumen - to de 25% nas contratações de funcionários no período de janeiro a setembro, pulando de 44 mil para 60 mil, basicamente para atender a segundo turno de produção. De acordo com Estêvão poucas empresas investiram em ampliação das fábricas: “A maioria está aprimorando a estrutura exis- tente, o que é saudável, porque o grande desafio de 2022, e também de 2023, será compreender as muitas variáveis que de- verão surgir”. O dirigente receia que as vendas te- nham recuo no segundo semestre de 2022 em função de preços das comodi- ties, clima e comportamento das safras no Exterior, provocando quedas nos pre- ços: “Da última década acredito que seja o ano mais difícil de prever para qual lado a demanda irá”. Ele também acredita que o abaste- cimento de insumos, bem como os pre- ços de eletrônicos, pneus, plásticos e aço, dentre outros, se normalize no segundo semestre. Os aumentos dos suprimentos deste ano foram repassados aos preços finais pois, “sem isto, as empresas perde - riam a saúde financeira”.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=