365-2020-04
21 AutoData | Abril 2020 das quinze associadas somaram apenas 2,1 mil unidades, retração de 17,2% no comparativo anual. No trimestre a baixa foi de 4,4%, com pouco mais de 7,1 mil. “A redução do imposto, mesmo que de forma temporária, auxiliará para que possamos continuar operando.” O câmbio a R$ 5, obviamente, adiciona ainda mais pressão à retomada, quando ocorrer, vez que parte considerável dos componentes dos carros nacionais é im- portada – em alguns casos, e não exata- mente poucos, o índice de nacionalização beira 60%, emparticular nos modelos mais novos, de gerações mais recentes. Há o outro lado, é claro: com o atual câmbio e sua tendência de manuten- ção a nacionalização de peças deve ganhar maior força, ainda que esse movimento não possa ocorrer de forma imediata. Não deixa, de qual- quer forma, de representar uma espécie de luz no m do túnel aos fornecedores. Aomesmo tempo a exporta- ção de componentes e de ve- ículos prontos poderá ganhar fôlego, dado que os preços em dólar dos produtos nacionais es- tão mais baixos. Nesse ponto Ricardo Bacellar, diretor da área automotiva da KPMG, defende que o Brasil “precisa diversi car mais sua base de exportação. A Argentina temproblemas mais graves do que nós”. quarentena total Falando em Argentina o vizinho de fronteira vive uma quarentena mais rígida do que a brasileira, com obrigatoriedade de permanência da população em suas casas por todo o país – para sair só emcaso de emer- gência e com preenchimento de um formulário na internet. O país vizinho encerrou o trimestre em queda de 14% na Divulgação/Toyota produção automotiva no comparativo com o mesmo período de 2019, para somente 66 mil unidades, e de 24% nas vendas no atacado, 71,8 mil. As exportações foram reduzidas em 15%, a 41 mil veículos. Federico Servideo, presidente da Ca- marbra, a Câmara de Comércio Argentino Brasileira, está bastante desanimado com o cenário: “Namelhor das hipóteses vemos uma catástrofe. A crise pegou a Argentina em ummomento muito complexo, não há reservas, não há BNDES como no Brasil. A margem para medidas de socorro é estreita”. Ele estima que o PIB argentino termine o ano em retração de 8% a 10% – antes da pandemia a projeção era de estabilidade ante 2019. Para Antonio Filosa, da FCA, o quadro apresentado pelo seu colega da Camar- bra é pessimista demais. Mas entende que “a Argentina sairá de forma mais lenta do que o Brasil da crise. Aqui havia alguns sinais de superação do período anterior, enquanto lá forampegos nomeio de uma crise própria, com uma in ação beirando 70% e câmbio desvalorizado em 120% em dois anos”. Para piorar o quadro – se é que é possível – o jornal local Ámbito Finan- ciero publicou que o Projeto Cyclone, que previa compartilhamento de pla- taforma e outras partes por VW e Ford para produção das novas gerações das picapes Amarok e Ranger, foi cancelado de nitivamente por decisão unilateral da Volkswagen, que teria apenas comuni- cado o fato à Ford. AAgência AutoData já havia revelado em outubro que o plano estava congelado e poderia nunca sair do papel. A Argentina no ano passado já tinha perdido a picape Classe X, da Mercedes- -Benz, que seria produzida em parceria com a Aliança Renault-Nissan. E a pro- dução ali da picape Alaskan, da Renault, segue em suspenso.
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