365-2020-04
18 Abril 2020 | AutoData esPecial » covid-19 Ainda segundo o Sindipeças 2020 co - meçou com ociosidade na faixa de 30%, pouco melhor do que terminou 2019. Mas “algumas empresas já estavam nanceira - mente tão enfraquecidas que não conse - guirão se reerguer sozinhas nomomento da retomada”, acredita Bacellar. Difícil imaginar agora uma ajuda por parte dos clientes, as montadoras. Qual a saída, então? “Omovi - mento de fusões e aquisições certamente vai se intensi car”, entende o consultor. Outro re exo imediato foi sentido nos planos de investimento. O da FCA, R$ 16 bilhões, foi esticado de 2024 para 2025. O da GM, R$ 10 bilhões em fábricas paulistas até 2024, adiado sem nova data de nida. E as conversas da VW com a matriz para umnovo aporte foram suspensas – o atual, de R$ 7 bilhões, se encerra com o lança - mento do Nivus, ainda agendado para o primeiro semestre. Desta forma novos projetos sofrerão, fatalmente, atrasos “de três, seis e até doze meses”, revela Filosa. Pablo Di Si, seu co - lega de Volkswagen, a rmou ao jornal O Estado de S. Paulo que “não podemos pensar em gastar dinheiro em abril, maio, junho para desenvolver um produto para daqui a dois ou três anos. Com a crise que atravessamos seria falta de discernimento sobre o nosso negócio” – uma lógica abso - lutamente tão dura quanto inquestionável. oPortunidades se abrem Certo que ninguém passará pelo trau - ma do covid-19 sem sequelas de maior ou menor monta, a depender da situação e das reações de cada um mas, principal - mente, do tamanho do buraco, imensu - rável no momento. Porém já é possível prever, desde já, algumas consequências. A principal é que o retorno dos consumidores às lo - jas, quando ocorrer, não será no mesmo ritmo de antes, vez que reduções salariais ou suspensões de contrato, mesmo que temporárias, inapelavelmente derrubarão não só a renda dos compradores como a con ança, fundamental para a compra de um 0 KM ou mesmo seminovo. E a saída pela venda direta, tão utiliza - da pelas fabricantes nos últimos tempos, di cilmente conseguirá escoar um even - tual excedente, caso exista: para Carlos Alberto Sponchiado, presidente do con - selho deliberativo da Abrac, a Associação Brasileira de Concessionárias Chevrolet, “as locadoras tambémvão parar de com - prar. Elas já têm mais de 320 mil veículos e uma parte será devolvida pelos clientes, como os frotistas empresariais emotoristas de aplicativos, pela redução da atividade econômica”. Nem tudo é negativo, porém. Wladi - mir Molinari, diretor da Route Automotive, especializada em análise de mercado, lembra que “o isolamento social forçou a adoção do home o ce, quebrando as resistências a essa forma de trabalho que ainda existiam tanto no lado das empresas quanto dos funcionários. Após a retomada poderá continuar em menor escala para ajudar a reduzir custos dos dois lados”. Outro ponto, observa o executivo, é que “da mesma forma diminuiu a oposição às compras on-line, que estão representando neste momento um papel fundamental. Esse movimento pode ser aproveitado após o término da pandemia também no setor automotivo”. Concorda com ele Bacellar, da KPMG. “O segmento automotivo sempre tevemui - ta dependência do físico. Se as estratégias digitais estivessem hoje mais robustas o impacto nas vendas poderia ter sido um pouco aliviado.” Trabalho durante a quarentena, por - tanto, é o que não vai faltar. Mãos à obra, senhoras e senhores. “Algumas empresas já estavam nanceiramente tão enfraquecidas que não conseguirão se reerguer sozinhas no momento da retomada” Ricardo Bacellar, diretor da KPMG
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=