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66 Julho 2019 | AutoData CONJUNTURA » INVESTIMENTOS A edição 356 de AutoData , de junho, listou R$ 13 bilhões em novos investimen- tos já anunciados pela indústria apenas na primeira metade deste ano, montante que soma-se aos programas já em curso. Nas contas de Paulo Cardamone, chefe de estratégia da Bright Consulting, o setor deve investir R$ 50 bilhões nos próximos dez anos, total próximo ao investido na úl- tima década. O perfil dos investimentos, contudo, é bemdiferente: se o último ciclo foi direcio- nado, emboa parte, à construção de novas fábricas graças a políticas que induziram a nacionalização de modelos até então importados, agora os investimentos se vol- tam à atualização dos produtos e de seus processos produtivos, incluindo pesquisa e desenvolvimento, manufatura avançada, automação de processos, adequação do parque produtivo e outros. Isso porque de um lado os compromis- sos assumidos no novo regime automo- tivo, o Rota 2030, exigem da engenharia automotiva sistemas de propulsão mais eficientes. E de outro a mudança de perfil de consumo impõe que os novosmodelos saiam das linhas de montagem commais e mais conteúdo eletrônico e de conec- tividade. Isso sem falar que os utilitários espor- tivos, cada vez mais no gosto do freguês, demandam linhas de produção comarqui- teturas maiores. Cardamone é enfático: “Se não inves- tir o consumidor não compra. Quem está comprando carro hoje exige um veículo demaior conteúdo embarcado. É umnovo consumidor que quer ter no automóvel a mesma sensação de um smartphone”. E para completar este quadro complexo a inserção do Brasil nas plataformas globais de produção (veja AutoData 355) diminuiu a influência de eventuais intempéries locais nas decisões de investimentos. Assimé pre- ciso investir para acompanhar a renovação dos modelos produzidos lá fora porque, com maior ou menor defasagem e índice tecnológico, os modelos vendidos aqui serão basicamente os mesmos. “Esteja a economia bem ou mal o por- tfólio temque seguir a renovação de linhas globais, caso contrário pode haver um in- desejado descasamento como sistema de produção global das marcas. Essas trocas de plataforma demandam investimentos vultuosos, que podemvariar de€ 3 bilhões a 5 bilhões, dependendo das variáveis”, assinala Essle. O consultor da A.T. Kearney ressalta ainda que como os investimentos são do- larizados períodos de câmbio depreciado como o atual contribuem para que os va- lores cresçam apenas com a conversão para reais. INVESTIMENTO OU SOS? Investimentos estrangeiros são recursos de multinacionais que estão constituindo ou expandindo negócios no Brasil. Porém podem também ser um socorro enviado pelas matrizes a suas filiais emmomentos de ineficiência de caixa – para que possam cumprir variados compromissos de curto prazo – ou de custo elevado do crédito local. No histórico recente da indústria auto- mobilística brasileira a segunda possibili- dade parece ter se tornadomais frequente do que a primeira. A razão: foi justamente nos anos mais difíceis para o setor – os da recessão de 2015 e 2016 – que os aportes internacionais romperampela primeira vez a casa dos US$ 10 bilhões. Nos dois anos seguintes, com o fim da política de juros subsidiados do BN- Divulgação/Renault 13 de 50 Só na primeira metade deste ano fabricantes do setor automotivo anunciaram R$ 13 bilhões em novos investimentos. Total da próxima década deverá bater nos R$ 50 bilhões.
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