AD 347

28 Agosto 2018 | AutoData POLÍTICA INDUSTRIAL » BÊ-A-BÁ DO ROTA 2030 pela legislação aquela quinta, 5, seria o último dia para o governo federal anunciar qualquer coisa que carregasse consigo incentivos – que, após esta data, poderia ser interpretada como infração ao Código Eleitoral. Assinaturas rabiscadas nos papéis e todos saíram correndo para alcançar seus aviões. O brinde representou a retirada de um Everest das costas de cada um. A verdade é que o Rota causou um racha enorme dentro do governo federal: a guerra MDIC x Fazenda foi só a face visível desta batalha, que nos bastidores foi sangrenta. Não faltou gente a manobrar para desautorizar ordens de ministros e secretários. No final a decisão foi mesmo do presidente, que assumiu pessoalmente a responsabilidade pela decretação do Rota. Assinatura à Hitchcock A assinatura dos decretos e da MP que regem o novo regime automotivo, por volta das 18 horas da quinta-feira 5 de julho de 2018, foi cercada de mistério e tensão – quase um Hitchcock à automotiva. Caravana formada por representantes de Anfavea, Sindipeças e Abeifa pousou em Brasília, DF, com promessa de reunião com a Presidência da República no comecinho da tarde. Mas um escândalo pela manhã, com ordem da Justiça para afastamento do ministro do Trabalho e seu posterior pedido de demissão, agitou bastante os corredores. Adiamento para a hora seguinte, depois mais uma hora, e depois ninguém mais sabia que a que horas o tal encontro aconteceria e se aconteceria. A coisa começou a se complicar quando os executivos perceberam a provável necessidade de remarcar seus voos de retorno originalmente agendados para o início da noite – e como às quintas ao fim do expediente a debandada de Brasília é geral, não havia mais vaga em avião algum. A apreensão tomou ares de pânico quando alguém do governo sugeriu marcar o encontro para 20h30, gracejo bobo com o nome do programa, Rota 2030. Às 18h00, finalmente, a assinatura, com ares inegáveis de evento montado às pressas e feição claramente incômoda do presidente, que em breve discurso chegou a reclamar do fato dizendo que “se tivéssemos avisado com certa antecedência tenho certeza que o Brasil todo estaria aqui”. Mas a pressa tinha sua justificativa: A celebração foi rápida e discreta, a bordo de um copo de cerveja no próprio saguão do aeroporto de Brasília.

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