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12 FROM THE TOP » DIETER BECKER, KPMG Maio 2018 | AutoData D ieter Becker, alemão, é o principal executivo global da KPMG no que diz res- peito à área automotiva. Ele acumula 24 anos de experiência no segmento e já participou de diversos projetos para empresas do setor atendidas pela consulto- ria, sejammontadoras, sistemistas ou fornecedores. Desta forma proveu direcio- namentos em inúmeros casos, avaliando desde estratégias de produtos até fusões e aquisições, passando por marketing, recursos humanos, finanças e manufatura. Sua rotina é basicamente a bordo de aviões: no mês passa- do esteve no Brasil durante uma semana, onde a cada dia fez três reuniões com executivos de em- presas do setor automotivo e com dirigentes de associações – ma- nhã, tarde e noite. A seguir voltou à Alemanha, sua base de operações, de onde partiria para o Japão e, depois, Oriente Médio e Estados Unidos. Nesta entrevista a AutoData , concedida com exclusividade, Becker expôs diretamente seus entendimentos sobre o futuro da indústria, e particularmente a brasi- leira, diante dos desafios e contex- tos globais. Suas opiniões, certa- mente, causarão bastante espanto e, possivelmente, negação. Não à toa: como ele mesmo diz, o que se coloca hoje à frente do setor automotivo não é necessariamente um desafio tecnológico mas, sim, de mudança de mentalidade. Entrevista a Márcio Stéfani e Marcos Rozen Não é a tecnologia. É a mentalidade. Comesse iníciode recuperaçãoquevive- mos, então, o Brasil volta a ter um papel de destaque globalmente falando? A indústria não gosta de incerteza. Amaior vantagem da China é que há um plano traçado para os próximos cinco anos, sabe-se exatamente o que vai aconte- cer. Qual é o plano para os cinco anos à frente do Brasil? E não estou falando somente sobre o Rota 2030, mas sim quanto a uma estratégia brasileira pe- rante o mercado global. Quando estive aqui pela primeira vez, em 1997, percebi que havia umbomcenário para veículos comerciais e carros pequenos. Existia um potencial de crescimento muito grande se houvessemelhorias em infraestrutura, desenvolvimento industrial e distribuição de renda. E então pensávamos: ‘Qual é a estratégia do Brasil daqui para frente? Onde querem chegar, em quanto tem- po?’. Ainda há essa dúvida, até hoje. As Há alguns anos o Brasil era apontado como grande estrela domercado global e hoje caiu de patamar. Como o mundo vê a atual situação do País? Globalmente falando a indústria está pro- curando formas de crescer em outras áreas além da China: o maior temor é que tudo aconteça por lá. O desejo das empresas é realmente contar commais umou dois mercados onde possa haver crescimento. Sabemos que naÁfrica não haverá nenhumprogresso emum futuro breve, e os Estados Unidos estão perto de seuvolumemáximo. Se o crescimento ficar concentrado apenas no Sudeste da Ásia e na China será umproblema. Quan- do a economia caiu aqui foi um choque para todos, ainda mais da forma dramá- tica com que ocorreu. Adoraríamos ver uma reação do mercado brasileiro e do Mercosul, pois assimnão haveria apenas uma única região em elevação.
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