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Ano 33 | Dezembro 2024 | Edição 417 2024 Empresa do Ano Toyota VITÓRIA DO OTIMISMO Roberto Cortes é tricampeão do Prêmio AutoData com mercado girando acima das expectativas PROJEÇÕES PARA 2025 Anfavea esperava volta aos 3 milhões, mas juro derrubou A QUEDA DE CARLOS TAVARES CEO da Stellantis deixa o posto em meio a polêmicas

Paz no trânsito começa por você. PERSONALIDADE DE 2024.

Volkswagen Caminhões e Ônibus Volkswagen Caminhões e Ônibus @vwcaminhoes Acesse nosso QR Code e conheça a Linha de Caminhões que entrega mais valor para o seu negócio. PRÊMIO AUTODATA 2024 Categoria Personalidade do Ano Roberto Cortes, 45 anos de indústria automotiva Uma personalidade vencedora se constrói com décadas de trabalho. Obrigada a todos que dedicaram seu tempo em votar e assim contribuir para esse reconhecimento. DEDICAÇÃO DESDE 1979.

» ÍNDICE Dezembro 2024 | AutoData 10 FROM THE TOP Roberto Cortes, presidente da VWCO e tricampeão do Prêmio AutoData, fala sobre sua maneira otimista de conduzir os negócios. GENTE & NEGÓCIOS Notícias da indústria automotiva e movimentações de executivos pela cobertura da Agência AutoData. 66 6 76 LENTES FIM DE PAPO Os bastidores do setor automotivo. E as cutucadas nos vespeiros que ninguém cutuca. As frases e os números mais relevantes e irrelevantes do mês, escolhidos a dedo pela nossa redação. Conheça todas as empresas, os produtos e o executivo eleitos pelos leitores de AutoData nas dez categorias da premiação de 2024. Toyota foi indicada Empresa do Ano e Roberto Cortes ganhou pela terceira vez o troféu de Personalidade do Ano. Anfavea apresenta previsões para 2025 e, após elevação do juro pelo BC, estima mercado de 2,8 milhões de veículos, em crescimento de 5,6% sobre 2024 que deve fechar com 2,65 milhões. Montadora chinesa vai começar a produzir em Iracemápolis, SP, no fim de 2025 com kits importados mas tem meta de nacionalizar 60% dos componentes utilizados até o fim de 2026. O acompanhamento atualizado de todos os programas de investimento anunciados por fabricantes de veículos leves e pesados no Brasil, que já somam mais de R$ 114 bilhões até 2030. GM traz ao Brasil nova geração do SUV médio importado do México, com novo visual e mais sofisticação, que chega em duas versões, Activ e RS, pelo mesmo preço de R$ 267 mil, PRÊMIO AUTODATA 2024 OS VENCEDORES PROJEÇÕES AINDA ABAIXO DOS 3 MILHÕES INDÚSTRIA GWM PROMETE MAIS NACIONALIZAÇÃO TODOS OS INVESTIMENTOS PARA ONDE VÃO OS RECURSOS LANÇAMENTO 1 CHEVROLET EQUINOX Após um ano que fecha com resultados acima das expectativas indústria fica mais otimista com 2025, mas cenário macroeconômico com juros altos impõe cautela para sobre o desempenho. Antes mesmo de concluir a construção da primeira linha de montagem em Camaçari, BA, empresa diz que vai erguer 28 novos prédios e dobra promessa de contratações na cadeia produtiva da região. Após conflito com conselho de administração CEO é demitido da empresa que ajudou a criar, deixando rastro de críticas de fornecedores e concessionários que o queriam ver pelas costas. O utilitário eSprinter chega da Alemanha preparado para o Brasil com três opções: caminhão semileve chassi-cabine e furgão fechado ou vidrado. Ideia da fabricante é complementar sua oferta no segmento. EVENTO AUTODATA CONGRESSO TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS 2025 INVESTIMENTO BYD PROMETE 20 MIL EMPREGOS NA BAHIA A QUEDA CARLOS TAVARES DEIXA A STELLANTIS 52 62 64 56 18 28 34 40 46 LANÇAMENTO 2 MERCEDES-BENZ SPRINTER ELÉTRICO 50 MERCEDES-BENZ

» EDITORIAL AutoData | Dezembro 2024 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição André Barros, Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo Projeto gráfico/ arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR/divulgação Capa Foto Bruna Nishihata Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora autodataseminarios autodataseminarios Por Pedro Kutney, editor Mercado sabota o desenvolvimento Esta AutoData traz uma boa e outra má notícia. A boa é que, pelo segundo ano consecutivo, a economia real venceu a costumeira sabotagem do mercado financeiro e o PIB brasileiro deve avançar até 3,5% em 2024, após avançar 2,9% em 2023, muito acima de todas as expectativas externadas por analistas agourentos no início de cada ano, o desemprego caiu ao menor nível histórico, está na casa dos 6%, a renda cresceu, o consumo aumentou e o nível de pobreza extrema baixou para 4,4% da população, tudo isso com inflação que deve fechar o ano perto de 5%, algo bastante aceitável para um país em desenvolvimento que precisa atender demandas reprimidas recorrentes. A má notícia decorre da boa: cansados de errar seus prognósticos [ou seria torcida?] os agentes do mercado financeiro decidiram colocar mais pressão para que continuem ganhando muito dinheiro às custas do atraso do País. Especulam para que o dólar suba à inexplicável cotação recorde acima dos R$ 6,00, pressionando a inflação, lançam dúvidas sobre a capacidade do Estado de pagar a dívida pública – o que efetivamente nunca aconteceu neste século mesmo após cinco mandatos presidenciais de governos do PT –, e assim se locupletam ganhando na moleza com os juros mais altos do mundo, basta encarteirar títulos do Tesouro, aqueles mesmos sobre os quais colocam desconfiança de inadimplemento, enquanto o Banco Central independente do governo e vassalo do mercado ajuda elevando a remuneração destes papéis, aumentando vigorosamente os juros com a desculpa de combater a inflação. Esta batalha de narrativas consta de algumas formas nas páginas desta AutoData, com as novas projeções dos fabricantes de veículos representados pela Anfavea, que divulgou novamente previsões contidas para 2025 por causa dos indicadores agourentos do mercado financeiro, que insistem em dizer que o País cresce acima de sua capacidade – algo que efetivamente não cabe à indústria automotiva, que há anos produz abaixo de sua capacidade. Felizmente há gente mais otimista neste setor, como Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus e tricampeão, este ano, do Prêmio AutoData, que o reconheceu como Personalidade do Ano por sua competência em superar mais de vinte crises e seguir desenvolvendo a empresa que dirige, assim como a Toyota, eleita Empresa do Ano de 2024, que em vez de olhar para gráficos de economistas agourentos decidiu colocar em prática o maior plano de investimento em seus mais de sessenta anos de história no Brasil, porque acredita no potencial do País. E assim seguimos para 2025, na expectativa de que a economia real, mais uma vez, supere a sabotagem do mercado financeiro.

6 LENTES Dezembro 2024 | AutoData Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br OUÇO DIZER Afastado do dia a dia na condição de conselheiro da AutoData Editora, e assim mais distante do disse-me-disse do cotidiano das empresas e das entidades, ouço dizer que os próximos passos da Anfavea serão fundamentais para a continuidade de sua liderança no setor automotivo nacional. Fundamentais até para que o setor não entre em situação de desregulação – a tal disrupção. Falam, finalmente, em presidente profissional e lançam nomes que já ocuparam aquela cadeira de espaldar mais alto diante daquela mesa enorme e sugerem uma quase nova alternativa. Certamente as empresas associadas saberão escolher solução mais adequada para as circunstâncias como, com raras exceções, sempre o fizeram. OUÇO DIZER 2 Também ouço dizer que a entidade tornou-se mera transportadora de interesses e que abandonou sua condição transformadora, e que quase todas [as associadas] estariam muito felizes com esta situação. Claro: posso não ter entendido o mel das informações que me chegam. Mas o que sei é muito simples: na vida associativa valem, e muito, os esforços de cada um pelo bem comum, e é por isto que empresas se juntaram e formaram o sistema Anfavea-Sinfavea – até porque é muito mais barato. OUÇO DIZER 3 Mas posso não ter compreendido de maneira adequada o que ouvi e a vida apenas segue. Mantenho, contudo, cá comigo meus temores. Se é que me entendem: num certo passado quase que mais ou menos não tão distante dirigentes da indústria discutiam Rousseau, Camus e Sartre. E não divagavam sobre Saint-Exupéry. Sou testemunha. VOCÊ SABIA? Compara-se o resultado atual com o do mês passado, e também com o do mesmo mês do ano passado. É assim que funciona para que se tenha melhor ideia do desempenho corrente. Faz todo o sentido. Então, se a produção industrial do País foi negativa em outubro, coisa de 0,2%, diante de setembro, cresceu 5,8% diante de outubro de 2023. Assim o resultado de outubro brecou dois meses seguidos de alta no mês a mês mas registrou o quinto crescimento consecutivo na comparação anual. VOCÊ SABIA? 2 De janeiro a outubro a indústria nacional registra crescimento de 3,4%, e de 3% nos últimos doze meses. De acordo com o IBGE dezenove atividades industriais de 25 objeto de pesquisa mostraram crescimento de setembro para outubro, puxadas por veículos, reboques e carroçarias, 7,1% – contra expansão de 2,8% no período imediatamente anterior

7 AutoData | Dezembro 2024 VOCÊ NÃO SABIA? A taxa Selic vive expansão neocon mas a economia do País real se mantém em crescimento – como aconteceu no terceiro trimestre, em que o PIB, produto interno bruto, conseguiu avançar 0,9% com relação ao trimestre anterior, que marcara aumento de 1,4% – a contragosto o tal mercado esperava 0,8%. O setor agro sofreu reveses e recuou 0,9% mas serviços, com 0,9%, e indústria, com 0,6%, sempre positivos, seguraram a onda. Diante do resultado do mesmo período no ano passado o PIB foi adiante 4% com crescimento consistente do setor de serviços, 4,1%, e do industrial, 3,6%, e de queda no agro, menos 0,8%. VOCÊ NÃO SABIA? 2 O desempenho de itens sociais também foi positivo e tanto o consumo das famílias como o do governo cresceram, o das famílias 1,5% no trimestre e 5,5% em doze meses, e o do governo respectivamente 0,8% e 1,3%. Mais: o crescimento acumulado do PIB no ano somou 3,3%. VOCÊ NÃO SABIA? 3 O resultado do Brasil ficou abaixo do da Indonésia, 1,5%, e do México, 1,1%, e igual ao da China. O que não é coisa pouca, convenhamos. Agência de notícias internacionais fizeram os seus destaques: • baixou de 31,6% para 27,4% o índice da população brasileira abaixo da linha de pobreza, no padrão utilizado pelo Banco Mundial, de US$ 6,85 por dia ou R$ 665 por mês. Esta foi a menor proporção desde 2012; • pelo menos 8,7 milhões de pessoas deixaram de ser nominalmente pobres no Brasil, recuo de 67,7 milhões para 59 milhões. Este foi o menor volume desde 2012; • baixou de 5,9% para 4,4% a proporção da população em situação de extrema pobreza, também o menor porcentual desde 2012. O padrão, neste caso, é de US$ 2,15 por dia ou R$ 209 por mês. É a primeira vez desde o início das medições que este indicador fica abaixo de 5%; • a população situada na faixa da extrema pobreza saiu de 12,6 milhões para 9,5 milhões de 2022 a 2023, num total de 3,1 milhões de pessoas que deixaram esta condição. É o menor contingente desde 2012; • benefícios por programas sociais atingiam 51% da população em áreas rurais, em 2023, e 24,5% de população em áreas urbanas; e • o total de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam e não estavam ocupados, em 2023, atingiu o menor número e a menor proporção desde o início da pesquisa, em 2012: respectivamente 10,3 milhões e 21,2%; VOCÊ NÃO SABIA? 3 O IBGE revisou sua projeção para o PIB nacional para acima do projetado pelo chamado mercado. Um alegre embate de contemporâneos contra conservadores.

10 FROM THE TOP » ROBERTO CORTES, VWCO Dezembro 2024 | AutoData Tricampeão do otimismo Em 45 anos no setor automotivo, 28 deles como presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes cunhou uma certeza que permeia suas decisões e a forma de encarar a vida: “As crises sempre passam”. Após contar – e superar – cerca de vinte delas, Cortes aprendeu a ser um otimista, como ele diz, “com os pés no chão”. O mais longevo dos executivos da indústria automotiva brasileira reconhece que sua resiliência otimista, que inclui atitudes como não desistir, pensar grande, cercar-se de talentos e saber ouvir, construíram competência reconhecida por seus pares, inclusive dos leitores de AutoData, que pela terceira vez o elegeram Personalidade do Ano no Prêmio AutoData, desta vez na versão 2024. Cortes consolidou, do zero, o negócio de caminhões e ônibus do Grupo Volkswagen, hoje sob o guarda-chuva do Traton Group, que além da VWCO também reúne MAN, Scania e Navistar. Desde 1996, quando a empresa inaugurou a fábrica de Resende, RJ, e o bem-sucedido consórcio modular com fornecedores atuando na linha de produção, já passaram pelas mãos de Cortes seis ciclos de investimentos, que somam cerca de R$ 7 bilhões e deram origem a dezenas de novos e ousados produtos, como o primeiro caminhão elétrico desenvolvido e produzido no País, o e-Delivery. Cortes tem ciência de que consolidar o negócio de veículos comerciais pesados da Volkswagen é o grande legado de sua carreira, mas nesta entrevista fez questão de sublinhar que sua longa trajetória profissional ainda “está em construção”: ele diz ter “energia de sobra” para tocar muitos projetos e que nem tem tempo de pensar em aposentadoria – para sorte de uma legião de executivos que ainda poderão continuar a se inspirar em sua liderança e, quem sabe, rumo ao tetracampeonato do Prêmio AutoData. O senhor já ganhou três vezes o troféu Personalidade do Ano do Prêmio AutoData. Em comum foram momentos de grande recuperação da indústria após crises severas. Esta eleição direta dos eleitores de AutoData reconhece a sua habilidade de levar a empresa para o futuro diante de grandes dificuldades? Estou muito feliz com esse reconhecimento, que vem numa hora muito importante, aos 55 anos de trabalho, sendo 45 anos no setor automotivo. Realmente eu enfrentei perto de vinte diferentes crises econômicas. E mesmo vivenciando tantos desafios conseguimos [na VWCO] lançar centenas de novos produtos e serviços, assegurar seis ciclos de investimentos consecutivos – o atual de R$ 2 bilhões até 2025 –, inaugurar novas linhas de montagem, em Resende [RJ] e em outros quatro países, e expandir a presença da nossa marca em trinta mercados pelo mundo. Então eu acredito que, sim, a eleição dos eleitores de AutoData pode ter sido influenciada por todas essas conquistas. Estes prêmios Entrevista a Leandro Alves e Pedro Kutney Clique aqui para assistir à versão em videocast desta entrevista

11 AutoData | Dezembro 2024 Divulgação/VWCO

12 FROM THE TOP » ROBERTO CORTES, VWCO Dezembro 2024 | AutoData parceiros de negócios. Eu diria que foi uma constante busca de uma relação ganha-ganha que me trouxe até aqui. Olhando já para esse seu retrovisor de 45 anos passados na indústria como o senhor avalia sua trajetória e qual legado terá deixado? Com toda humildade eu tenho de avaliar a minha trajetória como exitosa. Meu principal legado é ter consolidado o negócio de caminhões de ônibus no Grupo Volkswagen, pelo fato de, no início, sermos a única empresa da companhia que desenvolvia, produzia e vendia caminhões. Outro legado é que nós conseguimos levar esta marca à liderança do mercado brasileiro de caminhões. Mas creio que a minha trajetória e o meu legado seguem em construção. Tenho como meta grandes projetos ainda a executar. Tenho muito orgulho do que construí nas últimas décadas porém tenho energia e planos de sobra para os próximos anos. Como o senhor avalia o atual momento da indústria de caminhões e ônibus no País em comparação com o resto do mundo? O Brasil, pelo fato de se posicionar dentre os maiores mercados de caminhões e ônibus do mundo no Grupo Traton, o segundo maior após os Estados Unidos, nos deixa muitíssimo bem posicionados. Mas claro que temos à frente tantos desafios quanto oportunidades. Dentro dos desafios o primeiro são os juros ainda em viés de alta e sabemos todos da importância do fator juros na decisão de se investir. O dólar perto ou acima dos R$ 6,00 também nos preocupa, bem como “B aseado na minha experiência a única certeza que tenho é que a crise vai acabar. E que de todas as crises que a gente vive parece que a atual é sempre a pior. Então eu encaro isso com otimismo, mas sempre com os pés no chão.” eu sempre recebi em anos que pudemos provar a nossa resiliência. Com 45 anos na indústria automotiva na bagagem e 28 anos como presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus o senhor é o executivo mais longevo deste setor no País. Qual que é a principal qualidade para tornar-se um profissional tão perene na liderança de uma empresa? A principal qualidade para se manter na liderança de uma empresa é nunca desistir. Nos momentos de altas devemos comemorar, nas baixas temos de nos perseverar e tentar e passar pelas dificuldades. Mas acredito numa combinação de outros fatores, como pensar grande, ter espírito de equipe, fazer sempre mais e melhor a cada dia. Além disso é preciso manter o otimismo sempre, porém com os pés no chão. Outro ponto importante: eu sempre cultivei o hábito de ouvir e dialogar com as minhas equipes, com colaboradores, sindicatos, concessionários, fornecedores, enfim, todos os nossos

13 AutoData | Dezembro 2024 bém os pontos positivos que elenquei, hoje é cedo para cravarmos um número. O ano de 2024 realmente foi de recuperação após a adaptação dos clientes à tecnologia Euro 6, aos preços da nova motorização [adotada obrigatoriamente desde o início de 2023]. Fomos beneficiados por um PIB duas vezes maior do que aquele que nós esperávamos no início deste ano. O que vende caminhão é o PIB e o PIB está vindo forte para o ano que vem. Teremos oportunidades que, mesmo considerando os desafios, nos fazem prever um ano de mais conquistas. Eu continuo otimista. A VWCO cresceu bastante fora do País, com o avanço das exportações e linhas de montagem no México, na Argentina, África do Sul e até nas Filipinas. Qual que é o estágio da evolução do plano de internacionalização? O plano é replicar nossa história de sucesso no Brasil em outros países. Utilizando a Argentina como exemplo, detectamos que todos os bons atributos de produto, rede e marca forte que temos no Brasil também tínhamos lá. O que não tínhamos era uma fábrica, então dependíamos de vários fatores, inclusive o tempo de exportação. Em maio nós lançamos uma fábrica e, em poucos meses, triplicamos a nossa participação nas vendas. Esta é uma mostra bem-sucedida do nosso plano de internacionalização. Também destaco os ótimos resultados da operação no México, onde estamos há vinte anos. A ideia é levar nosso modelo de sucesso ao Exterior, considerando produtos adequados, rede forte, avaliando a necessidade de montagem local. o agronegócio brasileiro crescendo menos do que o esperado. Mas também vemos boas oportunidades. Eu destaco a urgência da renovação de frota de caminhões no Brasil. Haverá demanda por caminhões e ônibus para seguir o crescimento normal da economia, mas existe também demanda reprimida formada por caminhões que já estão muito velhos e já deveriam ter sido substituídos por modelos zero-quilômetro. Isso nos dá a expectativa de que, mais cedo ou mais tarde, essa frota antiga vai ter de ser substituída por veículos mais novos. Depois da Fenatran deste ano, em que muitos fabricantes de caminhões já venderam parte da produção de 2025, o seu otimismo com o setor mais uma vez foi confirmado. O mercado fecha 2024 melhor do que se esperava. Como deve ser esta evolução no ano que vem e qual o desempenho esperado para a VWCO? Dadas as incertezas, os desafios e tam- “ No dia de hoje busco sempre fazer um pouco mais e melhor do que eu fiz ontem. Isso é importante para um jovem como eu era e é importante também para um veterano como sou hoje. Minha trajetória e o meu legado seguem em construção. Tenho energia e planos de sobra para os próximos anos.”

14 FROM THE TOP » ROBERTO CORTES, VWCO Dezembro 2024 | AutoData A VWCO sempre foi rápida em adotar tecnologias, foi a primeira a desenvolver e lançar um caminhão elétrico do Brasil, na última Fenatran apresentou o primeiro protótipo de um caminhão pesado híbrido nacional. Ter a sede no Brasil facilita essa agilidade? Ter sede no Brasil é um fator importante porque temos a engenharia aqui, entendemos a necessidade do cliente e desenvolvemos produtos sob medida para eles. Mas tão importante quanto utilizar o conhecimento que temos aqui é fazer parte de um grupo internacional forte [o Traton Group], que nos propicia acesso a novas tecnologias que nós adaptamos às realidades brasileiras. Como o senhor vislumbra o futuro da indústria de caminhões e ônibus nesse momento de transição para a desfossilização das emissões? O caminhão do futuro será 100% conectado, para maximizar o custo de operação ao máximo, para isto teremos digitalização ao extremo e a conectividade no caminhão inteiro. A tendência é adoção de veículos elétricos principalmente nas aplicações urbanas, mas também acreditamos [nesta alternativa] para operações de longa distância no futuro. Outra tendência é a adoção de sistemas de direção autônoma. No caso específico do Brasil os biocombustíveis também farão parte desse futuro. O motivo para essa visão é a busca pela descarbonização e, ao mesmo tempo, eficiência, que é o custo do transporte. E nós estamos nesse caminho. No início das operações da Volkswagen Caminhões de Ônibus, no começo dos anos 1980, a empresa era uma divisão do grupo que só existia no Brasil e tinha pouco ou nenhuma atenção da matriz na Alemanha. Hoje a VWCO faz parte do Grupo Traton que também integra MAN, Scania e Navistar. Quais vantagens e desvantagens existe em administrar uma empresa neste atual contexto? Dos primeiros produtos com cabine avançada ao consórcio modular de Resende sempre fomos uma empresa flexível, vocacionada para mercados emergentes, focada em oferecer o melhor custo total de propriedade. As passagens por diferentes grupos empresariais renderam bons aprendizados e sinergias em produtos e serviços, tanto na época da Autolatina com a Ford, depois com a Volkswagen Commercial Vehicles, depois com a MAN, mais recentemente dentro da Traton com Scania e International/Navistar. Em função disso hoje temos o portfólio mais completo da nossa história. Temos “ Teremos oportunidades que, mesmo considerando os desafios, nos fazem prever um ano de mais conquistas. Eu continuo otimista. Haverá demanda por caminhões e ônibus para seguir o crescimento da economia mas existe também demanda reprimida de veículos velhos.”

15 AutoData | Dezembro 2024

16 FROM THE TOP » ROBERTO CORTES, VWCO Dezembro 2024 | AutoData uma cultura de muito respeito e espírito de equipe, que é a base da nossa convivência e que prevaleceu durante toda a nossa vivência em diferentes grupos. Por isso nós nos adaptamos bem e nos damos bem com novas realidades. Também acredito que a minha experiência associada à liderança de vendas de vinte anos em um dos maiores mercados mundiais da Traton certamente se traduz em credibilidade junto aos meus pares no grupo. Posso garantir que os nossos interesses são sempre considerados no conselho da companhia. O conhecimento acumulado ao longo de décadas de se fazer “A principal qualidade para se manter na liderança de uma empresa é nunca desistir, pensar grande, ter espírito de equipe, fazer sempre mais e melhor a cada dia. Além disso é preciso manter o otimismo sempre.” negócios em mercados que têm altos e baixos, como na economia brasileira, também conta bastante no nosso currículo. O senhor tem 45 anos de setor automotivo mas também completa 55 anos de carteira assinada, começou a trabalhar aos 13 anos. Como este começo tão cedo no mercado de trabalho influenciou a sua carreira e a sua personalidade? Perdi meu pai quando eu era menino e ele tinha alguns negócios. A família acabou perdendo muita coisa e eu fui obrigado a ir trabalhar para ajudar minha mãe nas despesas da casa. Mas

17 AutoData | Dezembro 2024 gar até aqui e fazer com que eu possa formar equipes vencedoras, que pensam como eu, de não me contentar com menos do que estar no primeiro lugar em tudo que faço. Após passar e vencer vinte crises nós nunca o vimos desanimado ou pessimista. De onde vem essa energia? Baseado na minha experiência a única certeza que eu tenho é que a crise acabará. E que de todas as crises que a gente vive parece que a atual é sempre a pior. Então eu encaro isso com otimismo, mas sempre com os pés no chão. Eu acredito que temos o necessário para superar crises e desafios. Para isso eu me cerco de profissionais talentosos e com essa mesma disposição. Além disso eu recarrego minhas baterias no convívio familiar. É o convívio com minha esposa, filhos e netos que me motiva a ir além, para contribuir com o futuro das próximas gerações. Depois de tantos anos de trabalho muitos executivos já teriam se aposentado. O senhor pensa nisto? Eu me mantenho tão ocupado com tantos desafios e planos à frente que este tema ainda não é uma questão à qual me dedico. Talvez seja porque eu realmente amo o que faço. Mas também porque sempre priorizei o equilíbrio da vida profissional, que requer muito, com a vida pessoal. Então eu não me sinto como se precisasse me privar do convívio familiar, que me é muito valioso, para estar no trabalho ou vice-versa. Então isto que vocês estão me perguntando vou deixar para pensar um pouco mais para a frente. uma coisa não mudou desde a minha infância: eu sempre tive muita vontade de estudar, de aprender, isto eu levei e trago por toda a minha vida, lendo bastante, tendo contato com as novidades do setor mundo afora. Esse esforço que começou tão cedo fez com que eu, logo menino, encarasse desafios e tivesse vontade de superá-los. Isto fez com que a minha carreira alavancasse muito cedo. No dia de hoje busco sempre fazer um pouco mais e melhor do que fiz ontem. Isso é importante para um jovem como eu era e é importante também para um veterano como sou hoje. O estudo, o aprendizado contínuo, me permitiu che-

18 Dezembro 2024 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2024 » OS VENCEDORES No ano em que anunciou o maior ciclo de investimento de sua história de quase setenta anos no País, de R$ 11 bilhões no período 2024-2030 para produzir novos veículos híbridos flex, nacionalizar sistemas e dobrar a capacidade da fábrica de Sorocaba, SP, a Toyota venceu a eleição promovida junto aos cerca de trezentos participantes do Congresso AutoData Tendências e Perspectivas 2025, realizado na última semana de novembro. A empresa, que este ano já fora indicada pelos leitores de AutoData como a Redação AutoData Toyota é a empresa do ano Montadora foi escolhida pelos participantes do Congresso AutoData dentre seis empresas eleitas pelos leitores nas categorias corporativas do Prêmio AutoData 2024. No evento também foi revelada o Personalidade do Ano: Roberto Cortes, presidente da VWCO. melhor Montadora de Automóveis e Comerciais Leves do País, recebeu 32% dos votos durante os dois dias do evento e foi eleita Empresa do Ano do Prêmio AutoData 2024 Melhores do Setor Automotivo, escolhida dentre seis empresas vencedoras nas categorias corporativas. Em sua vigésima-quinta edição o prêmio recebeu mais de 4 mil votos dos leitores para eleger as melhores de 24 iniciativas de 22 empresas do setor automotivo nacional, escolhidas com base em reportagens publicadas pela revista Fotos: Bruna Nishihata

19 AutoData | Dezembro 2024 e Agência AutoData no período de doze meses terminados em julho. Como forma de não restringir votos apenas à empresa de cada leitor os eleitores votaram obrigatoriamente em três dos quatro cases indicados em cada uma das seis categorias corporativas: Montadora de Automóveis e Comerciais Leves; Montadora de Veículos Comerciais; Fornecedores de Autopeças, Sistemas e Componentes; Cadeia Automotiva Ampliada [incluindo motores, carrocerias, implementos, serviços e matérias-primas]; Inovação Tecnológica e ESG; e Exportador. Também foram colocados em votação doze lançamentos, repartidos em três categorias de quatro produtos: Automóveis e Picapes, Veículos Comerciais de Carga e de Passageiros. Os eleitores também votaram em três de cada quatro veículos indicados. Os vencedores de todas estas nove categorias foram divulgados no começo de novembro, após o término da eleição on-line promovida de agosto até 31 de outubro, e a entrega de troféus foi realizada no segundo dia do Congresso AutoData, na última semana de novembro. PERSONALIDADE DO ANO Além da escolha da Empresa do Ano também ficou para o segundo dia do evento a revelação do premiado como Personalidade do Ano, que teve seis concorrentes e cada eleitor devia votar obrigatoriamente em quatro deles. O escolhido foi Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que sagrou-se tricampeão da categoria (leia entrevista com ele no From The Top deste mês). Aos 69 anos o executivo foi eleito concorrendo com outros cinco presidentes: Achim Puchert, da Mercedes-Benz do Brasil, Alexandre Abage, do Grupo ABG, Christopher Podgorski, da Scania Latin America, Marcio Querichelli, do Grupo Iveco América Latina, e Ricardo Gondo, da Renault do Brasil – um time de executivos de primeira linha que tornou a vitória de Cortes ainda mais valiosa. “Cada reconhecimento recebido ao longo de minha carreira de 45 anos teve uma importância muito grande para o meu crescimento profissional, e também pessoalmente. Receber pela terceira vez o prêmio de Personalidade do Ano AutoData é algo muito importante a celebrar. Há mais de três décadas a editora é uma das grandes referências de informação do nosso setor e sua premiação anual de cases e personalidades da indústria está entre as mais cobiçadas”, disse Cortes. “Compartilho esta premiação com os nossos cerca de 5 mil colaboradores em Resende [RJ] e parabenizo os executivos finalistas nessa categoria, pois também prestam uma contribuição relevante à indústria de nosso País.” Veja nas páginas seguintes todas as empresas, iniciativas e produtos premiados na vigésima-quinta edição do Prêmio AutoData.

20 Dezembro 2024 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2024 » OS VENCEDORES A Toyota anunciou o maior ciclo de investimento de sua história no Brasil, de R$ 11 bilhões de 2024 a 2030 nas unidades industriais do Interior paulista, em Sorocaba, que deverá dobrar de tamanho, e na planta de motores de Porto Feliz. Parte do valor, R$ 9,3 bilhões, será destinada a novos projetos. A produção do sedã Corolla e os funcionários que quiserem serão transferidos de Indaiatuba, SP, para Sorocaba até o fim de 2026. Os aportes focam na nacionalização de modelos híbridos: o SUV Yaris Cross, cujo lançamento está programado para 2025, e uma picape média em 2027. Também está nos planos a montagem de baterias de alta tensão em Sorocaba a partir de 2026. Completando 45 anos no setor automotivo, 28 deles como presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes é um dos pilares da indústria automotiva. Sob sua liderança a empresa se tornou a única fabricante de veículos de marca internacional de origem brasileira, consolidando-se como exemplo de inovação e crescimento sustentável. Cortes impulsionou o desenvolvimento de modelos avançados, além de fortalecer a economia local com a geração de milhares de empregos. Seu compromisso com a sustentabilidade e a expansão internacional da VWCO, que já conta com quatro unidades de montagem fora do Brasil, demonstra sua visão de futuro na líder do mercado brasileiro de caminhões. Toyota Roberto Cortes, Volkswagen Caminhões e Ônibus MONTADORA DE AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES PERSONALIDADE DO ANO 2024 2024 Rafael Ceconello Fotos: Bruna Nishihata

21 AutoData | Dezembro 2024 A Eaton lançou a nova geração de transmissões automatizadas Advantor desenvolvidas no Brasil para as condições locais. A empresa destacou que para as três configurações, com seis, oito e dez marchas, aumentou a base de fornecedores locais. A Advantor, adequada para caminhões e ônibus de 9 a 49 toneladas, reduz em 10% o consumo de combustível comparado a câmbios manuais e 20% com relação aos automáticos. A Eaton investiu R$ 800 milhões desde 2020, com R$ 600 milhões para modernização das fábricas e R$ 200 milhões para P&D. A empresa planeja expandir o quadro de engenheiros e exportar a Advantor. A Scania iniciou um novo ciclo de investimento no País, com R$ 2 bilhões a serem aplicados de 2025 a 2028 para reforçar seu plano de descarbonização dos ecossistemas de transporte e logística. Destaque para os R$ 60 milhões na instalação da linha de montagem para a produção de um ônibus elétrico na fábrica de São Bernardo do Campo, SP. Os testes da linha de montagem começam em março de 2025 com o início em setembro do ano que vem. Este ano a empresa também comemorou a produção de 500 mil caminhões no País. Eaton Scania FORNECEDORES DE AUTOPEÇAS, SISTEMAS E COMPONENTES MONTADORA DE VEÍCULOS COMERCIAIS Sérgio Kramer 2024 2024 Christopher Podgorski Fotos: Bruna Nishihata

22 Dezembro 2024 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2024 » OS VENCEDORES No ano em que completa 70 anos de operações no País a Bosch segue apresentando soluções inovadoras para aproveitar o bom momento do agronegócio brasileiro. São tecnologias desenvolvidas no Brasil, como sistemas automáticos de plantio e de pulverização inteligente – este equipamento, por meio de câmaras, identifica o local exato onde pulverizar defensivos, somente borrifados em cima de ervas daninhas no meio de plantações de milho ou soja, por exemplo, o que reduz em 80% o uso de agrotóxicos. Segundo a sistemista esta é a primeira vez que há um equipamento com esta tecnologia. A Marcopolo alcançou lucro líquido recorde de R$ 810,8 milhões em 2023, um aumento de 85,6% em relação a 2022. O crescimento foi impulsionado pelo aumento nas vendas de carrocerias para ônibus rodoviários, a consolidação da linha G8 no mercado e o mix de produtos de maior valor agregado, como ônibus urbanos articulados. A receita líquida atingiu R$ 6 bilhões 680 milhões, um crescimento de 23,4%, com R$ 4 bilhões gerados pelo mercado interno e R$ 2,6 bilhões de exportações. O lucro bruto foi de R$ 1,5 bilhão, representando 23% da receita líquida. Apesar dos resultados financeiros positivos a produção caiu 11,5% em comparação a 2022, totalizando 13 mil unidades, com 83% produzidos no Brasil. Bosch Marcopolo INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ESG CADEIA AUTOMOTIVA AMPLIADA 2024 2024 Gastón Diaz Perez Sabrina Leme Fotos: Bruna Nishihata

23 AutoData | Dezembro 2024

24 Dezembro 2024 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2024 » OS VENCEDORES O Renault Kardian, novo SUV compacto da Renault, representa uma nova fase da empresa. O carro global foi desenvolvido no Brasil e produzido inicialmente em São José dos Pinhais, PR, sobre a nova plataforma RGMP, com tecnologias avançadas. O design marcante foi criado pelo Design Center Americas. O modelo tem segurança aprimorada com treze sistemas de assistência ao motorista e seis airbags. Equipado com motor 1.0 TCe turbo, também produzido no Paraná, e transmissão automática de dupla embreagem, o Kardian oferece excelente eficiência energética e desempenho. A CNH Industrial investiu R$ 100 milhões na unidade que produz colheitadeiras Case IH em Sorocaba, SP, para transformá-la em um polo global de produção e exportação de máquinas de menor porte. O primeiro produto exportado é a Axial-Flow Série 160 Automation, que incorpora inteligência artificial. O modelo passou por melhorias tecnológicas, com 60% do maquinário renovado, oferecendo mais conectividade e facilidade de operação com quatro modos de colheita. Além disso a empresa adotou novos processos e tecnologias de produção e contratou 1,3 mil trabalhadores para a manufatura. Renault Kardian CNH Industrial AUTOMÓVEIS E PICAPES EXPORTADOR 2024 2024 Diego Martello e Juliano Soares Caíque Ferreira Fotos: Bruna Nishihata Divulgação/Renault

25 AutoData | Dezembro 2024 A Mercedes-Benz ampliou seu portfólio com o lançamento do chassi Euro 6 OF 1621, desenvolvido exclusivamente para atender demandas de fretamento contínuo de funcionários. É o único ônibus do mercado produzido exclusivamente para este segmento. O OF 1621 tem capacidade para transportar até 48 passageiros e pode receber carrocerias de até 12 m 50 de comprimento, equipado com motor OM 924 LA de 208 cv. Opção mais potente da família de caminhões a gás da Scania produzida no Brasil o cavalo mecânico de 460 cv traciona rodotrens de nove eixos para transportar cargas de até 58 toneladas. Equipado com dez cilindros de gás comprimido tem autonomia de até 650 km, o que dá ao caminhão capacidade para trafegar nas principais rotas rodoviárias do País. O lançamento representa um grande passo da fabricante na estratégia de estender a solução do gás para o agronegócio, na operação de transporte de grãos com menos emissões de CO2. Mercedes-Benz OF 1621 Scania X-Gás GH 460 6x4 VEÍCULOS COMERCIAIS DE PASSAGEIROS VEÍCULOS COMERCIAIS DE CARGA Walter Barbosa Alex Nucci 2024 2024 Fotos: Bruna Nishihata Divulgação/MB Divulgação/Scania

100 ANOS NO BRASIL Em 2025, a General Motors celebrará um marco incomparável: um século de presença industrial no Brasil. AutoData produzirá o mais completo material editorial já feito sobre a GM no Brasil Essa homenagem especial será publicada em nossa edição de fevereiro, com profundidade e qualidade que só AutoData pode oferecer. JUNTE-SE A NÓS PARA TORNAR ESTA HOMENAGEM À GENERAL MOTORS AINDA MAIS GRANDIOSA.

 Não é todo dia que temos uma fabricante centenária no Brasil  Estamos oferecendo a oportunidade de participar desta grande homenagem  Entre em contato com o executivo de negócios de AutoData responsável por sua empresa e faça parte deste tributo inesquecível.  Destaque sua marca nesta edição histórica.  Demonstre seu reconhecimento e participe desta trajetória que moldou a indústria automotiva no País. Seja um parceiro desta homenagem!

28 Dezembro 2024 | AutoData EVENTO AUTODATA » CONGRESSO TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS 2025 Por Redação AutoData Indústria corrige rota e projeta números mais otimistas para 2025 No dia em que foi iniciado o Congresso AutoData Tendências e Perspectivas 2025, na última semana de novembro, as vendas de veículos superaram, em 2024, o volume de 2023. Protagonistas do setor e seus associados admitiram que mercado será maior do que o projetado e divulgam suas expectativas para o ano que vem. Fotos: Bruna Nishihata Margarete Gandini, do MDIC, apresenta os desafios da indústria em 2025 em painel de abertura do Congresso AutoData, formado também por Márcio de Lima Leite, da Anfavea, e Cláudio Sahad, do Sindipeças

29 AutoData | Dezembro 2024 Cláudio Sahad e Márcio de Lima Leite: Sindipeças e Anfavea insistem no aumento do imposto de importação. Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil, em entrevista aos jornalistas André Barros e Leandro Alves: mercado de 2,8 milhões de veículos em 2025. O dia da abertura do Congresso AutoData Tendências e Perspectivas 2025, a terça-feira, 26 de novembro, foi um marco importante para a indústria automotiva brasileira: não só por iniciar as discussões com os principais líderes do setor a respeito do que se enxerga para 2025 mas por ter igualado, ainda restando mais de um mês para o fim de 2024, o total de veículos vendidos em 2023. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, anunciou: o mercado brasileiro alcançou, e superou, as 2 milhões 309 mil unidades do ano anterior. Ele admitiu: as expectativas oficiais da entidade, de 2 milhões 560 mil veículos a serem comercializados em 2024, serão superadas: “As medidas tomadas foram fundamentais para que o setor avançasse e surpreendesse em 2024. Estamos perto de superar novamente os 3 milhões de licenciamentos, mesmo com os desafios de importações e exportações, com investimentos realistas na ordem de R$ 130 bilhões da indústria”. Fizeram coro ao presidente da Anfavea todos os executivos que subiram ao palco do Centro Universitário Senac, em São Paulo, em 26 e 27 de novembro. A indústria errou, ainda bem que para baixo, sua visão para o mercado brasileiro em 2024 e precisou acertar os ponteiros para projetar 2025, que começará com base mais elevada de comparação e alguns desafios extras a enfrentar com cenário macroeconômico mais adverso. O INCÔMODO DAS IMPORTAÇÕES Mas nem tudo são flores no setor automotivo brasileiro, que sentiu o incômodo do crescimento das importações em 2024. Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, propôs a retomada imediata da alíquota de importação sobre carros eletrificados importados para 35%, principalmente pelo descompasso do crescimento de vendas internas e da produção, 12% e 7% respectivamente, enquanto as importações cresceram 37%. “Temos que criar emprego e desenvolver tecnologia no Brasil. Todos os fabricantes que investem em novas tecnologias deveriam ter cota de importação de imposto. Queremos igualdade de condições. Outros países elevaram as alíquotas e o Brasil está de portas abertas. No curto prazo temos de trabalhar com políticas que permitam à indústria estabelecida, e que já investiu, fazer a transição.” Lima Leite, que durante o Seminário Revisão das Perspectivas 2024, em julho, pediu a recomposição imediata dos 35% do imposto de importação para veículos eletrificados, repetiu o pleito em cima do

30 Dezembro 2024 | AutoData EVENTO AUTODATA » CONGRESSO TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS 2025 palco e acrescentou que a Anfavea pedirá o retorno, também, do imposto integral aos importados em kits CKD e SKD. Em 2022 a Camex, Câmara de Comércio Exterior, reduziu as alíquotas para 18%, no caso de CKD, e para 16% para SKD, para projetos aprovados por ela. A previsão é que o imposto siga assim até 2028, mas o presidente da Anfavea deseja a retomada imediata, assim como a dos eletrificados: “É preciso pensar em uma nova regra respeitando o plano de quem está investindo no Brasil”. Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças, fez coro ao pedido do retorno do imposto integral imediato para os eletrificados e CKDs, sugerindo, inclusive, mais do que os 35%: “Levamos isto ao governo, precisamos de uma recomposição imediata da alíquota de importação para 35%. Isto está em estudo na Camex. Estados Unidos, Canadá e Índia têm 100% de imposto, a China, 25% e o Brasil ainda está em 18%. Se houver uma antecipação de importação temos de antecipar a alíquota plena, até para discutirmos depois se esses 35% são suficientes”. À ESPERA DO MOVER Margarete Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-média Complexidade Tecnológica do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participou virtualmente do mesmo painel de Lima Leite e Sahad. Ela levou a visão do governo ao evento, ainda na expectativa da publicação de regulamentações do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação. Gandini fez sua análise de perspectivas baseada em desafios nos planos de trabalho para os próximos dois anos. Ela observou que alguns deles foram acirrados em 2024 com o aumento da concorrência internacional, em destaque para um avanço de veículos e autopeças importados, especialmente dos eletrificados: “Precisamos fazer mais e diferente para o futuro da indústria”. Por ser o País um importante polo industrial automotivo, a diretora do MDIC acredita que é importante avançar como difusor de tecnologia para outros mercados com veículos híbridos, sustentáveis e também na coordenação de uma maior integração produtiva regional. Nas políticas públicas o ministério está trabalhando com o setor produtivo nas decisões sobre o IPI Verde, com uma nova abordagem da tributação de veículos, não mais baseada só na cilindrada mas em todas suas características, de modo que cada veículo terá sua tributação de acordo com sua eficiência. Sobre renovação de frota, após vários projetos pilotos, Gandini anunciou que estão em reta final as negociações para o lançamento de um programa permanente Márcio Querichelli, presidente da Iveco América Latina: mercado de caminhões 5% maior em 2025. Fabricantes de motores: diesel por muito tempo.

31 AutoData | Dezembro 2024 para substituir caminhões e ônibus velhos, com inspeção técnica voluntária. Paralelamente discute-se também a adoção, no País, de corredores verdes sustentáveis, com instalação de infraestrutura necessária em rotas rodoviárias para abastecimento, primeiro, de veículos pesados com combustíveis renováveis como biometano, biodiesel ou diesel verde HVO, ou estações de recarga para elétricos, que depois também poderão ser usadas por modelos leves. O MDIC também discute um programa de exportação com olhar de integração produtiva e de soluções tecnológicas para a mobilidade, sempre com a busca de localização e soluções tecnológicas focadas em processos em materiais que aumentem a competitividade. BOLA DE CRISTAL PARA 2025 E qual será o tamanho do mercado brasileiro em 2025? Após errar a mira em 2024 os presidentes de montadoras que subiram ao palco do Centro Universitário Senac fizeram suas apostas. Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil, disse acreditar em vendas na casa dos 2,8 milhões de veículos. Fábio Rua, vice-presidente de relações governamentais, comunicação e ESG da General Motors América do Sul, fez aposta parecida e projetou um dezembro aquecido com vendas que, em 2024, fechariam na casa das 2 milhões 650 mil unidades. “Considerando os novos players, com volume expressivo de elétricos e híbridos, dezembro trará surpresas”, disse, estimando alta de 6% a 8% de alta do mercado para 2025. Gonzalo Ibarzábal, da Nissan do Brasil, e Gondo, da Renault, foram mais cautelosos: 2,6 milhões de unidades, somando apenas veículos leves. Pesados têm desempenho diferente, mais lastreado na evolução da economia. A média das estimativas é que deverá seguir em 2025 a trajetória de recuperação das vendas de caminhões – abaladas pela transição das motorizações Euro 5 para Euro 6 no ano passado, que provocou aumento de preços, antecipação de compras e tombo nas vendas de 2023 – e de ônibus, ainda tentando deixar para trás a crise gerada pela pandemia de covid-19. Mas ninguém pensa que será um ano de céu de brigadeiro. Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, ponderou que fatores macroeconômicos, como a continuidade da queda do PIB do agronegócio brasileiro, o elevado índice de inadimplência, a restrição de crédito e a tendência de aumento da taxa de juros são desafios para o segmento. O executivo ainda listou condições geopolíticas internacionais que podem refletir sobre os negócios, como dificuldades com a cadeia de suprimentos por causa Fábio Rua, vice-presidente da General Motors América do Sul: mercado fecha com 2 milhões 650 mil em 2024. Gonzalo Ibarzábal, presidente da Nissan do Brasil: 2,6 milhões de veículos leves em 2025.

32 Dezembro 2024 | AutoData EVENTO AUTODATA » CONGRESSO TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS 2025 de guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio, bem como a política externa do novo governo dos Estados Unidos. Mesmo diante dos desafios Cortes declarou que a estimativa da VWCO é a de que o PIB brasileira cresça em 2025, o que gera boas expectativas – mas não quis divulgar número de expectativa para o mercado. “O que vende caminhões e ônibus é o PIB. O agronegócio e a construção civil continuam comprando caminhões e os programas sociais federais também ajudam nas vendas. No entanto as incertezas econômicas vindas do governo não nos permitem projetar um número de crescimento para nossa empresa. O que eu posso dizer é que o próximo ano será de recuperação para a Volkswagen Caminhões e Ônibus e nossa estimativa é de crescimento. Mesmo assim estamos longe de atingir os altos níveis de vendas da década passada.” A Iveco projeta crescimento de 5% para o mercado de caminhões no ano que vem, de acordo com o seu presidente para América Latina, Márcio Querichelli: “Estamos apostando na alta do mercado no ano que vem, mas com uma certa moderação porque existem alguns pontos de atenção. A Fenatran, que foi a melhor de todos os tempos, com bom volume de negócios, ajudou no fortalecimento das projeções para 2025”. A produção de caminhões em 2025 deverá avançar 15% sobre 2024, crescendo mais do que as vendas, porque as montadoras estão com estoques baixos e precisam produzir mais para recompô-los. O resultado de vendas da Fenatran também empolgou a Scania, que fechará 2024 com a produção recorde de 30 mil caminhões em São Bernardo do Campo, SP, segundo seu presidente para a América Latina, Christopher Podgorski. A expectativa é de um 2025 promissor, sobretudo nos caminhões acima de 16 toneladas de peso bruto total, que devem fechar o ano com 92 mil a 95 mil unidades vendidas. O resultado do segmento de ônibus em 2024 foi muito positivo na avaliação de Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz. E em todos os segmentos, sendo que quase a metade do mercado, 45%, referem-se a urbanos. A projeção é a de que encerre o ano com 21,5 mil emplacamentos, acima, portanto, dos 20,2 mil de 2023, o que está sendo ajudado por incentivos públicos de financiamento. Para 2025 a expectativa é que alcance 24 mil vendas. VIDA LONGA AO DIESEL Fabricantes independentes de motores deixaram claro, em uníssono, acreditar que o diesel seguirá predominante em suas linhas de produção até o fim da década. O Roberto Cortes, presidente da VWCO: economia mais adversa para venda de caminhões em 2025. Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil: imposto para reequilibrar competição com importados.

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