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Ano 32 | Maio 2024 | Edição 410 From the Top Evandro Maggio, da Toyota TAMBÉM TEMOS MULTINACIONAIS A NOVA INDÚSTRIA Setor automotivo tem forte participação AÇO MELHOR PARA VEÍCULOS E PEÇAS Siderúrgicas investem na alta resistência MAIS INVESTIMENTOS Honda anuncia R$ 4,2 bilhões

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» ÍNDICE Maio 2024 | AutoData 10 FROM THE TOP Evandro Maggio, primeiro brasileiro presidente da Toyota do Brasil, fala sobre o maior plano de investimento da empresa GENTE & NEGÓCIOS Notícias da indústria automotiva e movimentações de executivos pela cobertura da Agência AutoData 88 6 98 LENTES FIM DE PAPO Os bastidores do setor automotivo. E as cutucadas nos vespeiros que ninguém cutuca. As frases e os números mais relevantes e irrelevantes do mês, escolhidos a dedo pela nossa redação Mercado de veículos pesados começa o ano com recuperação acima das expectativas depois do tombo de 2023 Fabricantes de veículos e seus fornecedores puxam os investimentos do programa Nova Indústria Brasil Maiores fornecedores de aço para a indústria automotiva investem em capacidade e novos produtos Dos R$ 30 bilhões prometidos para o Brasil, fabricante irá aportar R$ 13 bilhões na fábrica de Goiana, em Pernambuco Em uma década empresa soma R$ 6 bilhões em investimentos na sua fábrica brasileira e prepara dois novos produtos Segunda geração do SUV elétrico chega ao Brasil por R$ 536,8 mil com autonomia aumentada para 430 km Maior feira do setor na América Latina fecha com R$ 13,2 bilhões em intenções de compra de máquinas e veículos Iochpe-Maxion, Tupy, WEG, Randoncorp e Marcopolo ampliam seus negócios para outros países com bons resultados Até 2030 fabricante aporta recursos no País para nova geração do WR-V e nacionalização de sistema híbrido flex Atualização dos programas de treze fabricantes que juntos investem R$ 103,6 bilhões no Brasil no período 2022-2032 SUV passa por leve reestilização visual e mantém preços para defender liderança no mercado das versões híbridas Fabricantes premiam os seus melhores fornecedores de 2023 e compartilham os planos para 2024 FÓRUM AUTODATA PERSPECTIVAS CAMINHÕES NEOINDUSTRIALIZAÇÃO SETOR AUTOMOTIVO PROTAGONIZA SIDERÚRGICAS AÇO PARA VEÍCULOS E AUTOPEÇAS INVESTIMENTO 2 STELLANTIS DIRECIONA RECURSOS ANIVERSÁRIO NISSAN FAZ 10 ANOS EM RESENDE LANÇAMENTO 2 BYD TAN AGRONEGÓCIO AGRISHOW BATE NOVO RECORDE INTERNACIONALIZAÇÃO MULTINACIONAIS BRASILEIRAS INVESTIMENTO 1 HONDA PROMETE R$ 4,2 BILHÕES INVESTIMENTO 3 PARA ONDE VÃO OS RECURSOS LANÇAMENTO 1 TOYOTA COROLLA CROSS PRÊMIOS TOYOTA E HYUNDAI 20 34 54 66 74 82 26 42 64 70 78 84 24 AETHRA 72 GERDAU 99 ESPECIAL LOGÍSTICA

» EDITORIAL AutoData | Maio 2024 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição André Barros, Caio Bednarski, Lúcia Camargo Nunes, Soraia Abreu Pedrozo Projeto gráfico/arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR/divulgação Capa Foto Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora autodataseminarios autodataseminarios Por Pedro Kutney, editor Bons exemplos Em mais uma edição de alta densidade esta AutoData conta um pouco da história das maiores e raras empresas multinacionais brasileiras do setor automotivo: falamos de Iochpe-Maxion, que figura dentre as maiores fabricantes de rodas do mundo com 33 fábricas em catorze países; da Marcopolo, nome global de carrocerias de ônibus; da Tupy, que domina o cenário mundial de fornecimento de blocos de motor e componentes fundidos para veículos pesados e está em fase de expandir os negócios; da Randoncorp/Frasle, que negocia suas carretas e autopeças em 120 países e compra empresas no Exterior; e da WEG, gigante dos motores elétricos que fica cada vez mais próxima do setor automotivo com o crescimento da eletrificação. Todas estas têm pontos em comum que alguns podem classificar como receita do sucesso. Todas passaram por momentos difíceis e superaram o vira-latismo de serem empresas brasileiras, resistiram a serem compradas por multinacionais estrangeiras – como aconteceu com boa parte das Joias da Coroa das autopeças nacionais nos anos 1990 – e não tiveram vergonha de oferecer seus produtos fora do País. Isto porque todas apostaram na própria competência de seus talentos com investimentos nas engenharias, com foco em serem as melhores em suas respectivas áreas de atuação. Esta ideia remete à frase: “É preciso dominar a tecnologia, não basta saber fazer”. Quem disse isto – e fez isto – foi Amaro Lanari Jr., primeiro presidente da Usiminas, de 1958 a 1976, que liderou a associação do Estado brasileiro com a japonesa Nippon Steel para fazer em Ipatinga, MG, uma das maiores siderúrgicas do País, que hoje domina cerca de metade do fornecimento de aços planos para os fabricantes de veículos no Brasil. Esta AutoData também conta esta história, de como o setor siderúrgico se consolidou no País e sustentou o surgimento da indústria brasileira e segue fornecendo o melhor aço possível para fabrticantes de veículos e de autopeças. E por falar nela a indústria brasileira precisa se reindustrializar após décadas de desindustrialização. Também contamos nesta edição como o setor automotivo tem papel protagonista na chamada neoindustrialização do País. Não será fácil mas temos bons exemplos a seguir, aqui mesmo.

6 LENTES Maio 2024 | AutoData POIZÉ: IBGE MOSTRA QUE DESEMPREGO CAIU. VOCÊ SABIA? O País tem gerado notícias muito interessantes nos últimos meses. As tristes e previsíveis, na forma de baitas trombas d’água sobre território riograndense, por exemplo, têm sido devidamente tratadas pela antigamente chamada grande imprensa e nas redes sociais. Acredito que, lá, o tal poder público refocinhou suas obrigações e permitiu a falência múltipla dos órgãos que deveriam segurar as pontas da população numa hora destas, desastre procurando hora e lugar para acontecer. Prefiro aquelas notícias que não interessam ao establishment, nem àquela antiga grande imprensa, mas que devem ser conhecidas principalmente por executivas e executivos que tomam decisões nas suas companhias: conhecê-las pode fazer alguma diferença na qualidade das decisões. Como esta: caiu o desemprego medido no primeiro trimestre. POIZÉ: IBGE MOSTRA QUE DESEMPREGO CAIU. VOCÊ SABIA? 2 Foi medido pela PNAD IBGE: seus pesquisadores chegaram ao índice de 7,9% de população economicamente ativa desempregada nos primeiros três meses do ano em todo o País. As referências são o mesmo período dos dois anos anteriores: 11,1% em 2022 e 8,8% em 2023. Estes índices revelam a decadência do desemprego, mostra o melhor resultado em dez anos e esta é uma boa notícia. Pode ajudar a vender carros. POIZÉ: A MASSA SALARIAL CRESCEU. VOCÊ SABIA? Mas a PNAD IBGE descobriu algo mais neste começo de ano. Descobriu que o rendimento médio dos brasileiros cresceu 1,5% naquele mesmo período do primeiro trimestre, chegando a R$ 3 mil 123. Diante do mesmo resultado de 2023 o crescimento foi de 4%. Mas há mais: R$ 308,3 bilhões foi a massa salarial da população empregada, crescimento de 6,6% na comparação anual. Também pode ajudar a vender carros. POIZÉ: FMI VÊ CRESCIMENTO DO PIB. VOCÊ SABIA? E neste vai da valsa o FMI, Fundo Monetário Internacional, exerceu sua habitual revisão de índices de crescimento do PIB dos países. Acredita, agora, que o do Brasil avançará 2,2% este ano, e mais pelo menos 2,1% no ano que vem contra avaliações passadas, e superadas, que cravavam 1,7% e 1,9%, respectivamente. POIZÉ: FMI VÊ CRESCIMENTO DO PIB. VOCÊ SABIA? 2 Também de acordo com presunções do mesmo FMI o Brasil deverá avançar, pelo menos, uma casa no ranking das maiores economias do mundo e chegar à oitava posição. Com os resultados dos esforços deste ano. Trata-se de mostra de confiança no crescimento, que pode ajudar a vender carros. Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br Reprodução/Internet

7 AutoData | Maio 2024 POIZÉ: OCDE VÊ CRESCIMENTO DO PIB. VOCÊ SABIA? Para a OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico crescimento do PIB brasileiro será levemente abaixo daquele avaliado pelo FMI – normalmente acontece assim. Mas é notavelmente interessante o rol das razões da OCDE: mercado de trabalho em expansão, aumento do salário mínimo e inflação em baixa e sob controle. De acordo com o InfoMoney “os gastos das famílias serão o principal motor de crescimento, especialmente este ano”. Esta conjunção de fatores pode ajudar a vender carros. NÃO SOU MAILER, VOCÊ NÃO É KENNEDY Leitura de texto recente me remete, a propósito, a lembrança de quase sessenta anos atrás. O considerado presidente, aqui, era um marechal, Castello Branco. Biotipo do pequeno ditador latino-americano: só lhe faltavam os óculos escuros. De seu lado o editor Ênio Silveira, xerifão da Editora Civilização Brasileira, intuía que o resultado da quartelada de dois anos antes, 1964, era ir definitivamente para o brejo. Sem afrontar o marechal, mas convencido de que alguém deveria contar certa meia dúzia de coisas a ele, meia dúzia de verdades – e dando nome aos bois –, Ênio decidiu escrever cartas a Castello por meio das páginas da Revista Civilização Brasileira. Batizou-as Epístolas ao Marechal, respeitável paródia à correspondência que Norman Mailer mantivera, poucos anos antes, com o presidente Kennedy. Na justificativa da carta ele, Ênio, argumentava que reconhecia não ser nenhum Norman Mailer, mas que convivia com a ideia, geralmente aceita, de que Castello não era nenhum presidente John F. Kennedy, e que, assim, estariam quites. NÃO SOU MAILER, VOCÊ NÃO É KENNEDY 2 Até onde sei Ênio Silveira nunca foi amolado por causa de suas correspondências apesar de que a biruta política da época indicava muita tromba d’água adiante. A história registra que ele jamais causou mal-estar por citar nomes nas suas histórias ao marechal. Reprodução/Internet

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10 FROM THE TOP » EVANDRO MAGGIO, TOYOTA Maio 2024 | AutoData Um brasileiro para investir R$ 11 bilhões Recentemente a Toyota tomou duas decisões históricas em seus 66 anos no Brasil. Em fevereiro anunciou que, pela primeira vez, um brasileiro seria o seu presidente aqui, e assim Evandro Maggio, que trabalha há vinte anos na empresa, assumiu o posto em abril, para substituir Rafael Chang, que foi promovido a CEO para América Latina e Caribe. Em ato contínuo a Toyota divulgou que seu presidente brasileiro teria R$ 11 bilhões para investir no futuro da operação até 2030, o maior aporte já feito pela companhia na sua subsidiária brasileira. Até então Maggio era o executivo responsável pelas áreas de compras e pesquisa e desenvolvimento da Toyota na América Latina. Por isto mesmo sabe como poucos o quanto e em que a empresa precisa investir na região para aumentar sua escala de produção, com dois novos produtos já anunciados e a ampliação da fábrica de Sorocaba, SP, que dobrará o tamanho. Uma das missões de Maggio é tornar viável a nacionalização de tecnologias estratégicas, principalmente do seu sistema de propulsão híbrido, que já está em 40% dos Toyota produzidos no Brasil e que será fundamental para cumprir metas de redução de emissões e, ao mesmo, seguir com o plano de aumentar as exportações. A escalação de Maggio para levar o ambicioso plano adiante demonstra a rara confiança que a empresa coloca na gestão local de sua operação. Nesta entrevista o executivo conta como pretende coordenar os próximos ambiciosos passos da Toyota no Brasil. O senhor é o primeiro brasileiro a dirigir a operação brasileira da Toyota em 66 anos de história. Qual é o simbolismo desta decisão da companhia? É uma honra estar nessa posição justamente neste momento da Toyota, que anunciou essa mudança [na gestão] junto com o novo ciclo de investimentos [no Brasil]. Isso demonstra a confiança da empresa na gestão local. É também uma grande responsabilidade e o compromisso de seguir com o trabalho de desenvolvimento do mercado brasileiro. Este é um momento especial para mim, de muita responsabilidade e de muito comprometimento com a marca e a indústria automobilística. Desde 2020 o senhor vinha liderando a área de compras e de pesquisa e desenvolvimento da Toyota na América Latina. Qual é o cenário atual e quais são as perspectivas da empresa em sua cadeia de suprimentos? Entrevista a André Barros e Pedro Kutney Clique aqui para assistir à versão em videocast desta entrevista

11 AutoData | Maio 2024 Fotos: Divulgação/Toyota

12 FROM THE TOP » EVANDRO MAGGIO, TOYOTA Maio 2024 | AutoData tentar localizar o máximo possível. Nós anunciamos recentemente um ciclo de investimento de R$ 11 bilhões e parte destes recursos vai para a localização de produção de motores na nossa planta de Porto Feliz [SP]. Qual é a sua avaliação sobre o Mover, o Programa Mobilidade Verde e Inovação, que o governo lançou este ano? O Mover é muito positivo porque trata de competitividade e modernidade, envolve eletrificação, biocombustível, reciclagem, eficiência energética, descarbonização e desenvolvimento futuro. Na Toyota nós seguimos muito de perto a construção do Mover e orientamos nossas escolhas de forma a estar alinhados com o programa. Em março a Toyota divulgou plano de investir R$ 11 bilhões no Brasil até 2030. É o maior aporte já anunciado pela empresa no País. O que motiva este investimento? É uma conjunção de fatores. Primeiro porque nossos produtos têm boa aceitação, principalmente os híbridos flex para o mercado doméstico e, também, a versão híbrida a gasolina para exportação a países que ainda não têm o etanol. Estes modelos já representam 40% da nossa produção no Brasil. Assim nós identificamos oportunidades para dois novos produtos que lançaremos no futuro, um deles inclusive desenvolvido especialmente para o Brasil, e estes dois veículos requerem maior capacidade de produção. Também aumentaremos a produção de motores. Então um fator foi levando ao outro e entendemos que temos de fazer um investimento na nossa estrutura produtiva. “ Nós identificamos oportunidades para dois novos produtos que lançaremos no futuro, um deles inclusive desenvolvido especialmente para o Brasil, e estes dois veículos requerem maior capacidade de produção.” Os desafios dessas áreas passam por desenvolvimento de tecnologia a custo competitivo e, ao mesmo tempo, por assegurar uma cadeia estável de suprimentos. Quando olhamos para o cenário brasileiro a indústria é muito competente em peças de baixa e média complexidade, como estampados, injetados, eletrônicos mais básicos, mas a situação já é diferente para a eletrônica avançada. Os veículos estão incorporando cada vez mais conteúdo de alta tecnologia que precisa de escala de produção. Então o desafio é trazer esta escala para produzir aqui tecnologias mais complexas. Um dos fatores-chave para isto é buscar volumes e aí um elemento muito importante é a exportação. Quantos fornecedores produtivos a Toyota tem no Brasil hoje e qual é o índice médio de nacionalização dos carros produzidos aqui? Hoje a Toyota gerencia 522 fornecedores no Brasil, dos quais 154 abastecem a nossa linha com componentes. Em média nossos veículos têm 65% de conteúdo local e temos como filosofia

13 AutoData | Maio 2024 tivo de Indaiatuba. Além disso conseguiremos ter maior sinergia com o parque de fornecedores que já existe hoje em Sorocaba. [Com esta transferência] aumentamos capacidade para atender os volumes domésticos e exportação, produziremos novos veículos e ainda teremos uma fábrica mais compatível com as normas de emissões. Estão chegando filhos novos e precisamos de uma casa nova um pouco maior. Como estão as negociações com o sindicato de Indaiatuba para o fechamento da planta e transferência para Sorocaba ou desligamento dos 1,5 mil empregados? Esta planta está ali há 26 anos, existe uma relação muito próxima de todos que trabalham lá. Fizemos algumas propostas ao sindicato, infelizmente não foram aceitas. Ainda estamos nessa discussão de tentar buscar uma oferta de PDV [plano de demissão voluntária] que seja justa e realista para todos os funcionários que não queiram ir [para Sorocaba], mas o ideal para nós é que todos os funcionários sejam transferidos. Outro grande foco do plano de investimento, que deve consumir quase metade dos R$ 11 bilhões, é produzir dois veículos novos em Sorocaba, com versões híbridas. Um deles é um SUV compacto, que já foi até registrado no INPI como Yaris Cross. E o outro, segundo a informação do sindicato de Sorocaba, deve ser uma picape. Quais são as perspectivas de participação nas vendas da Toyota no País destes dois lançamentos? Nossa perspectiva é de buscar novos clientes. A Toyota ainda não tem boa participação no segmento B, de carros “ Nossa perspectiva é buscar novos clientes no mercado. A Toyota ainda não tem boa participação no segmento de carros compactos. Então teremos nesta faixa um veículo moderno, do gosto do brasileiro, e com a tecnologia de propulsão híbrida flex.” Um dos planos deste novo investimento é dobrar a capacidade de produção em Sorocaba [SP], para perto de 300 mil unidades por ano, e ao mesmo tempo fechar a fábrica de Indaiatuba [SP], que hoje produz cerca de 60 mil Corolla por ano. Mas nos últimos anos foram investidos mais de R$ 1 bilhão na planta. Então por que precisa fechar esta fábrica? A produção de Indaiatuba tem duas limitações. A primeira é de expansão de área, por uma questão geográfica, por causa dos aclives e topografia de terreno. Com a estrutura atual a planta consegue, no máximo, produzir 70 mil veículos por ano. Os números que projetamos excedem essa capacidade. Outro fator são as mudanças tecnológicas necessárias para reduzir emissões de carbono e contaminantes, que exigiriam a renovação total da linha. Quando se coloca todo esse trabalho de desmontagem e remontagem, o tempo que isso leva é bastante significativo. É muito mais econômico fazer a ampliação em Sorocaba e o desligamento grada-

14 FROM THE TOP » EVANDRO MAGGIO, TOYOTA Maio 2024 | AutoData compactos. Então teremos nessa faixa um veículo moderno, do gosto do brasileiro, e com a tecnologia híbrida flex. O outro [lançamento] também será um veículo em sintonia com as tendências de mercado. Esperamos reforçar o nosso portfólio, aumentar as exportações e fazer crescer o nosso parque fabril com geração de empregos. O sistema de propulsão híbrido flex lançado pela Toyota no Brasil em 2019 a bordo do sedã Corolla, em 2021 também no Corolla Cross, deve migrar agora para os novos carros. Hoje o sistema é importado do Japão e deve receber investimento em nacionalização. O que pode ser nacionalizado e em quanto tempo? Neste momento ainda mantemos confidencialidade sobre isto porque depende de escala, com fornecedores envolvidos, mas nossa intenção é aumentar o conteúdo local, até porque [os híbridos flex] devem ser dominantes nos mercados brasileiro e latino-americanos. Então localizar alguns componentes do sistema híbrido é fundamental para atingir o conteúdo local e alavancar nossas exportações na região, aumentar a competitividade e evitar riscos de variação cambial e da cadeia de fornecimento. Todos os modelos Toyota vendidos no Brasil até o fim da década terão versões híbridas flex? Sim, todos os nossos modelos terão versão híbrida. Hoje 40% da produção são de híbridos. Para aumentar esta proporção dependemos bastante do preço. Mas o importante é que a eletrificação é crescente no País. Outras marcas devem adotar sistemas eletrificados. O uso desta tecnologia deve crescer bastante no mercado brasileiro, atingindo de 40% a 50% das vendas. Recentemente a Toyota começou a testar seu sistema híbrido plug-in com versão bicombustível etanol-gasolina. Quando poderemos ter o primeiro Toyota híbrido plug-in flex produzido no País? Acabamos de lançar aqui o RAV4 Plug-in [importado] e entenderemos como este veículo se adapta no dia-a-dia do cliente. No passado, lá em 2013, trouxemos o Prius para fazer os primeiros testes [com um híbrido]. Faremos a mesma coisa com a tecnologia plug-in e o RAV4 é o escolhido para isto. Observaremos o comportamento do cliente e em paralelo a gente faz os testes com etanol e tecnologia flex. Com relação aos carros elétricos a bateria, os BEVs, os líderes globais da Toyota comentam que eles não devem representar mais do que 30% das vendas totais do planeta. No Brasil como fica? “ Todos os nossos modelos terão versão híbrida. Hoje 40% da produção são de híbridos. Para aumentar esta proporção depende bastante do preço. O uso desta tecnologia deve crescer bastante no mercado brasileiro, atingindo de 40% a 50% das vendas.”

15 AutoData | Maio 2024

16 FROM THE TOP » EVANDRO MAGGIO, TOYOTA Maio 2024 | AutoData “ Nossos veículos têm 65% de conteúdo local e temos como filosofia tentar localizar o máximo possível. Localizar alguns componentes do sistema híbrido é fundamental para atingir o conteúdo local e alavancar nossas exportações na região, aumentar a competitividade e evitar riscos como variação cambial e da cadeia de fornecimento.” O Brasil tem um cenário único no mundo quando olhamos a diversidade de biocombustíveis, como biodiesel, HVO, hidrogênio, biometano e etanol. É uma riqueza de biocombustíveis muito grande e ao longo de anos o País conseguiu estabilidade de produção e preço, principalmente de etanol. Nossa visão é que haverá espaço para todas as tecnologias, mas o BEV, no Brasil, não deve ter participação tão expressiva quanto nos mercados do Norte, europeu e chinês. Países do Sul Global têm maior possibilidade de usar biocombustíveis. O Brasil já tem a tecnologia híbrida flex desenvolvida mas vemos também países como Índia, Indonésia e Tailândia muito interessados nessa alternativa. Desde 2022 a Toyota é a quarta marca mais vendida do País, mas em 2023 sobre 2022 o crescimento foi quase nulo, apenas 0,5%. Este ano a evolução em torno de 5% até abril também está abaixo da média do mercado, que cresceu 17% no período. Por que o desempenho comercial da Toyota não acompanha a expansão do mercado? O mercado brasileiro tem mudado bastante, com penetração de outras marcas. Mesmo nesse cenário a Toyota tem mantido seu market share. O fator que vai nos possibilitar crescer mais é a ampliação da linha de produtos, mas isso demora tempo de desenvolvimento. Hoje a Toyota tem participação consolidada nos segmentos nos quais atua, com volumes bastante assegurados, então não tivemos perda de volume e esperamos que com os nossos novos produtos conseguiremos ampliar um pouco mais os volumes. Depois de muitos anos o sedã Corolla deixou de ser o Toyota mais vendido do Brasil, posto que passou a ser ocupado pela picape Hilux, que já era o veículo mais vendido da marca na América Latina. A picape média custa mais de R$ 200 mil e pode chegar a R$ 335 mil. Por que um modelo tão caro é o mais vendido da Toyota? A Hilux é realmente um fenômeno, por causa do que chamamos de QDR, qualidade, durabilidade e robustez, que garante lealdade de compra. É normal um cliente que compra três, quatro ou

17 AutoData | Maio 2024 seis Hilux, principalmente [nas regiões] do agro. [Ao mesmo tempo vemos que] o mercado tem migrado do sedã para o SUV, mas mesmo com esse encolhimento hoje o Corolla é o único sedã fabricado no Brasil nessa categoria [médio], com mais de 80% de market share e mantém volume mensal de quase 3 mil unidades. Não é o mesmo volume do passado em função da migração para os SUVs, mas mesmo assim ainda tem procura e clientes fiéis. Não pretendemos abrir mão dessa produção e vamos continuar atendendo a esses clientes. Por falar na Hilux e também no seu SUV derivado SW4 são os produtos desta categoria mais envelhecidos. Quase todos os concorrentes apresentaram atualizações. Estão programadas novas gerações desses produtos? Nós temos ciclos de renovação periódicos nos quais consideramos a introdução de novas tecnologias, isso às vezes leva a um ciclo de vida um pouco maior. Mas, sim, pretendemos no futuro fazer atualizações destes veículos, já pensando nas futuras gerações da Hilux. E para fazer essa mudança de geração precisará de investimento na Argentina, onde Hilux e SW4 são produzidos? Temos feito vários investimentos na fábrica da Argentina, que recentemente passou por ampliação e já tem capacidade bastante grande, de 182 mil veículos por ano. Mas, futuramente, quando chegarem novos veículos, sim, precisará de alguns investimentos mínimos. No ano passado a Toyota foi a maior exportadora de veículos do Brasil: um em cada cinco carros exportados tinha o logo da marca. Foram mais de 82 mil unidades embarcadas para 22 países, o que representou quase 40% da produção da Toyota no Brasil. Quais fatores motivaram esse resultado tão incomum no Brasil? Este é um trabalho que vem sendo feito já há algum tempo. Começou quando abrimos a exportação do Corolla Cross [em 2021] e seguimos o desenvolvimento e o relacionamento com esses clientes na América Latina. Nosso desenvolvimento é focado não só para o Brasil, mas para a região. Então nós entendemos que todos os veículos que produzimos, tanto no Brasil quanto na Argentina, deveriam ter como destino a América Latina toda, América Central e Caribe. Esta é uma tendência que deve permanecer para dar escala ao negócio.

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20 Maio 2024 | AutoData EVENTO AUTODATA » FÓRUM PERSPECTIVAS CAMINHÕES Por Caio Bednarski | Com André Barros e Soraia Abreu Pedrozo Expectativas acima das projeções Mercado de caminhões tem boas perspectivas para o ano e crescimento pode ser maior do que o projetado em janeiro maior do que o projetado no começo do ano pela entidade, que prevê em 2024 alta de 10% nas vendas de caminhões sobre 2023, o que somaria 114 mil unidades. O diretor disse que após o fechamento do primeiro semestre será possível ter uma visão mais clara, com possível revisão para cima dos números. “A princípio ainda temos um pouco de cautela, mas o número pode surpreender e poderemos revisar para cima após o fechamento do semestre”, afirmou Franciulli. “Mas 2024 será bastante positivo pois o mais importante já foi superado, que era o mercado absorver a alta nos custos por causa da chegada do Euro 6.” O Fórum AutoData Perspectivas Caminhões, realizado on-line em 25 de abril, debateu as projeções para o mercado de veículos pesados de carga este ano, que tende a superar as expectativas após o forte tombo de 2023, causado pela adoção de motores Euro 6 para atender à oitava fase do programa de controle de emissões para pesados, o Proconve P8, que entrou em vigor em janeiro do ano passado com produtos de 15% a 20% mais caros em comparação com os modelos Euro 5. No painel de abertura Marcelo Franciulli, diretor executivo da Fenabrave, avaliou que o mercado poderá atingir crescimento

21 AutoData | Maio 2024 FABRICANTES OTIMISTAS Representantes dos fabricantes de caminhões, também conectados ao evento, concordaram que o crescimento do mercado este ano deverá rondar porcentuais de 10% a 15%. Alcides Cavalcanti, diretor executivo da Volvo Caminhões, é um dos mais otimistas: “Acredito que no primeiro semestre equilibraremos os pontos e contabilizaremos a expansão de 10% sobre o mesmo período do ano passado. O agro ainda não começou a comprar por causa das adversidades de clima e preços, mas acredito que o início das safras, principalmente de milho e soja, deve ajudar a impulsionar a demanda para fecharmos o ano com alta de 15%”. Alex Nucci, diretor de vendas da Scania Operações Comerciais Brasil, também aposta na recuperação mais acelerada do mercado até dezembro, com as vendas de sua empresa crescendo 15% sobre 2023, puxada pelo mercado brasileiro, diferentemente do que aconteceu em anos recente, pois o mercado europeu está em desaceleração, assim como outros da América Latina, com exceção do Brasil, por causa dos indicadores macroeconômicos mais otimistas, que apontam redução de juros. A Scania não trabalha com estoque mas está ampliando sua produção para atender à maior procura dos clientes brasileiros. No caso da Mercedes-Benz e da Volkswagen Caminhões e Ônibus a expectativa é um pouco diferente, porque ambas atuam em todos os segmentos e não estão focadas só nos pesados. Os segmentos de caminhões semileves, leves e médios sofrem mais para se recuperar por causa da restrição de crédito, que mesmo com sinais de melhora ainda é pedra no sapato dos clientes que operam com entregas urbanas. Assim Mercedes e VWCO projetam alta mais comedida de 10% em 2024. Sérgio Pugliese, diretor nacional de vendas de caminhões da VWCO, disse não enxergar dificuldade acentuada, mas reconheceu que existe, sim, maior dificuldade de acesso a financiamentos com a inadimplência ainda elevada e a maior restrição dos bancos. O apetite crescente das locadoras para atender as empresas que realizam entregas dentro das cidades foi citado como um ponto positivo e, mesmo que o segmento leve não cresça no mesmo ritmo dos extrapesados, deverá avançar na comparação com 2023. Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas e marketing para caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, seguiu na mesma linha e ponderou que a empresa precisa acelerar sua produção para atender à retomada do mercado porque o que está sendo produzido agora será entregue ao cliente daqui a dois ou três meses e que, se requerer um implemento rodoviário

22 Maio 2024 | AutoData EVENTO AUTODATA » FÓRUM PERSPECTIVAS CAMINHÕES novo, serão necessários mais dois ou três meses para que o veículo esteja disponível para operar. O executivo disse que o ano 2023 foi desafiador mas que a tecnologia Euro 6 trouxe resultados ainda melhores na prática do que nos testes e que, por isto, espera um segundo semestre mais aquecido, que terá o impulso da Fenatran, maior salão de transporte rodoviário de cargas da América Latina: “Historicamente o segundo semestre é mais forte do que o primeiro e precisamos nos preparar para a Fenatran”. A Iveco também participou do evento em apresentação exclusiva do diretor comercial Carlos Tavares. Ele também prevê um ano de aceleração dos negócios usando como base a projeção da Anfavea, a associação dos fabricantes, que é de alta de 13,6% na comparação com 2023. Mas Tavares admite que o incremento poderá ser maior: “No nosso caso cresceremos um pouco mais, mantendo os dois dígitos de participação [nas contas da Iveco que considera os diversos segmentos atendidos pela Daily em seu cálculo]”. Embora as projeções apontem para uma expansão no ano Tavares, assim como os demais executivos, pondera que é necessário melhorar o acesso aos financiamentos, ainda restrito pela alta taxa de juros, inadimplência elevada e, por consequência, apetite reduzido das instituições financeiras em concedê-los. Franciulli, diretor da Fenabrave, também destaca que esse é um ponto de atenção que está sendo monitorado pela entidade, pois a taxa básica de juros está em processo de corte desde o ano passado mas o cenário mudou no fim do primeiro trimestre de 2024 e a queda poderá acontecer em ritmo menor do que era esperado. MOVER TRAZ BOAS PERSPECTIVAS O Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, deverá acelerar os investimentos também da indústria de caminhões, que já realizou importantes aportes para fazer a transição para o Euro 6 e para desenvolver novas tecnologias de mobilidade, a exemplo da eletrificação e do gás natural. Essa foi a visão que Gustavo Bonini, primeiro vice-presidente da Anfavea e diretor de relações institucionais da Scania. A expectativa é de que o Mover, que já contabiliza 23 empresas habilitadas e tem outros dezoito pedidos em análise, amplie os aportes financeiros para pesquisa e desenvolvimento com a intenção de promover investimentos contínuos em novas tecnologias. Alguns fabricantes de veículos pesados já estão credenciados no programa, caso da Iveco, Marcopolo, Mercedes-Benz e VWCO.

23 AutoData | Maio 2024 Bonini lembrou que os fabricantes de caminhões já têm parceria com a academia e apostam em engenharia qualificada para trabalhar em alternativas de propulsão que são fortes no País, a exemplo dos biocombustíveis, e que muitas delas possuem desenvolvimento global alocado no Brasil: “Temos mão-de-obra e cadeia de fornecedores muito capazes. Tanto que se analisarmos o peso do setor automotivo no PIB industrial brasileiro ele gira em torno de 20%. Mas se o cálculo for feito a partir do P&D dessas empresas no País chega a um terço do total, incluindo todos os setores”. VENTOS A FAVOR DOS IMPLEMENTOS O mercado de implementos rodoviários vive momento bem diferente dos caminhões que os puxam. Executivos do setor que participaram de um dos painéis do Fórum relataram uma mudança no comportamento das vendas: historicamente a cada caminhão semipesado ou pesado vendido se registrava a venda de 1,3 a 1,4 carretas, mas o cenário mudou e a diferença subiu para algo em torno de 1,7 a 1,8. Alguns fatores explicam a maior venda de implementos na comparação com os caminhões: “Temos muitos clientes que estão expandindo as suas operações. Então, um veículo que antes puxava grãos ganha um novo implemento para puxar combustível, por exemplo”, conta Sílvio Campos, diretor comercial da Librelato. “Desta forma o cliente foge da sazonalidade do agronegócio e tem frete cheio o ano inteiro com o mesmo caminhão”. Quando este movimento começou, no ano passado, a expectativa era de que em algum momento a demanda voltasse ao patamar histórico, mas os números indicam que o novo patamar chegou para ficar. Claude Padilha, diretor de vendas e marketing da Randon Implementos, deu outras razões para este avanço: “O caminhão é muito tecnológico, mas consegue fazer mais de uma operação, em muitos casos, enquanto o cenário de implementos é diferente. O cliente que pretende expandir sua operação e atuar em outro segmento requer um equipamento novo para realizar o transporte”. Este avanço das vendas de implementos sobre os caminhões também foi impulsionado pela motorização Euro 6. Muitos transportadores optaram por renovar seus implementos e adiar a compra de um caminhão novo, considerando que o desgaste do equipamento é maior nas operações. A chegada da carreta com quarto eixo também aqueceu a demanda por implementos e, no ano passado, seu primeiro ano cheio de vendas, já representou 20% das vendas totais.

24 Aethra Automotive Systems recebe premiação internacional da DAF como um dos melhores fornecedores de 2023 “É de grande importância para nós recebermos este prêmio global, destacando o nosso compromisso em fornecer produtos e serviços com um padrão de qualidade mundial” Rafael Sportelli, CEO da Aethra PRÊMIO MUNDIAL Empresa brasileira que fornece serviços e produtos para a indústria automobilística no Brasil e na América Latina, com experiência acumulada ao longo de quase cinco décadas, a Aethra foi premiada em esfera global pela DAF/PACCAR. A premiação ocorreu em Abril de 2024 no evento Supplier Performance Management (SPM), realizado na sede da DAF, em Eindhoven, Holanda, consolidando a Aethra como um dos melhores fornecedores do ano de 2023. “É de grande importância para nós recebermos este prêmio global, pois é um reconhecimento por parte da DAF/PACCAR, reafirmando assim a nossa parceria ao longo destes anos e destacando o nosso compromisso em fornecer produtos e serviços com um padrão de qualidade mundial”, relata Rafael Sportelli, CEO da Aethra. A premiação ocorreu através do “Programa de Gestão de Desempenho de Fornecedores”, em que os critérios avaliados foram a performance de qualidade, entrega, atendimento no aftermarket e fluxo financeiro.

25 uma de suas principais expertises é a Engenharia de Protótipos, capaz de suportar qualquer empresa no desenvolvimento e na execução de um novo projeto. O portfólio de produtos produzidos pela Aethra abrange peças estampadas estruturais e de aparência, conjuntos soldados, sistemas de suspensão, sistema de combustível, armação e pintura de carrocerias. Em 2023 alcançou um faturamento de mais de R$ 1,8 bilhão e com forte tendência para a manutenção da performance para os próximos anos. E não para por aí... Acompanhando o crescimento do mercado de veículos elétricos, a Aethra projeta grandes investimentos com a adoção e integração de novas tecnologias, inclusive expandindo o seu portifólio de produtos e a verticalização dos processos. Com uma visão voltada para futuro, a Aethra está comprometida a oferecer aos clientes uma experiência aprimorada aproveitando as oportunidades que as novas tecnologias podem proporcionar. A parceria entre Aethra e DAF existe desde 2014 na unidade de Pouso Alegre (MG), onde são produzidas as cabines da linha de caminhões da marca com a pintura completa, pronta para a montagem no cliente. A Aethra é a única indústria do Brasil a entregar ao cliente o produto em sua cor final em virtude de poder usar suas modernas instalações de pintura. Possui também outros parques industriais modernos com alta tecnologia e sistemas de produção automatizados, capaz de entregar uma produção com padrões e excelência mundial, alcançando alto grau de sofisticação tecnológica nos produtos e processos produtivos. No Brasil, a Aethra atende as principais montadoras automotivas, com destaque para DAF, Stellantis, GM, Renault, Nissan, Mitsubishi, Ford Automóveis, Mercedes Benz, Volkswagen, VW Caminhões e Ônibus, Scania, entre outras. Como diferencial, oferece soluções completas para seus clientes, desde projetos de desenvolvimento à produção em grande escala com segurança e qualidade reconhecidas pelo mercado. Mas Planta Pouso Alegre-MG, onde são produzidas as cabines DAF

26 Maio 2024 | AutoData EVENTO » AGRONEGÓCIO Com adversidades a tiracolo a 29ª Agrishow, maior feira de agronegócio da América Latina, registrou R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios envolvendo máquinas agrícolas, equipamentos, caminhões, implementos e picapes. As empresas expositoras do evento em Ribeirão Preto, SP, de 29 de abril a 3 de maio, tiveram de oferecer muitos Por Soraia Abreu Pedrozo, de Ribeirão Preto, SP Em meio a incertezas Agrishow bate novo recorde Maior feira de agronegócio da América Latina registrou R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios, valor que supera em 2,4% o que foi registrado em 2023 descontos para atrair o público aos seus estandes, que nesta edição somou cerca de 195 mil pessoas, muitas delas reticentes com relação às incertezas climáticas, como a seca intensa que atingiu importantes regiões produtoras e os preços das commodities. Ainda assim o recorde anterior de negócios iniciados no evento, de R$ 13,3 biDivulgação/Agrishow

27 AutoData | Maio 2024 Fiat Titano New Holland: conceito liga as duas marcas. Pista offroad: Ford aproveita Agrishow para mostrar a nova Ranger. lhões em 2023, foi quebrado com aumento de 2,4%, com um número similar de visitantes – produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades de todas as regiões do País, bem como do Exterior. Na avaliação do presidente da Agrishow, João Marchesan, ainda que o contexto não seja o mais favorável para o setor o retorno dos produtores rurais e as expectativas da feira foram superadas apesar de fatores que vão além de adversidades climáticas e preços abaixo do esperado, como os juros ainda em patamar elevado e a falta de recursos controlados: “A mobilidade e a infraestrutura da feira foram alguns dos destaques desta edição, que permitiram aos visitantes uma melhor experiência, principalmente para aqueles que compõem a agricultura familiar, público ao qual se atribuiu grande parte do crescimento da Agrishow 2024”. Enquanto a terra vermelha tingia as roupas claras dos visitantes desavisados, assim como as pedras invadiam sapatos abertos, o som que predominava no espaço era o do vai-e-vem dos helicópteros, que a todo momento chegavam e partiam com os cobiçados donos do dinheiro que circula na feira. Especialmente neles estavam interessadas as cerca de oitocentas marcas expositoras, nacionais e internacionais, sendo cem delas estreantes na Agrishow, que vieram à feira com fome de vendas. Divulgação/Fiat Divulgação/Ford DESCONTOS PARA PICAPES As condições especiais estavam por todo lado, de máquinas e tratores à locação de veículos e maquinário, uma tendência que se consolidou este ano. Fabricantes de veículos leves como Nissan, Ford, Ram e Fiat também aproveitaram o embalo para vender com descontos, especialmente as picapes: montaram espaço interativo com pista de teste que simulava condições reais fora-de-estrada. Os descontos mais agressivos estavam na Nissan, que colocou a picape Frontier como seu carro-chefe na Agrishow e aplicou abatimentos de até 27,5%, o que levou sua versão de entrada, a Frontier S, de R$ 248 mil para R$ 179,9 mil, diferença de R$ 68,1 mil. Como as condições foram ampliadas às concessionárias paulistas por dez dias após o término do evento o plano era encerrar o prazo com quinhentas unidades comercializadas. Eduardo Bogasian, seu gerente nacional de vendas diretas, afirmou que a perspectiva no pós- -feira é incrementar em 30% as vendas da Frontier em 2024. A Ram também lançou mão de descontos de 15% para todo o Estado de São Paulo, por duas semanas, para venda direta, que responde por 70% das suas vendas. Com o abatimento uma das versões mais caras da Rampage, a Laramie Night Edition, opção de acabamento com visual escurecido e esportivo lançada durante

28 Maio 2024 | AutoData EVENTO » AGRONEGÓCIO a feira, saía por R$ 250 mil – em vez de R$ 278 mil. O vice-presidente da Ram para a América do Sul, Juliano Machado, afirmou que 60% das vendas são realizadas por meio de financiamento, o que traz expectativas positivas diante do movimento de juros em queda: “Muitas vezes o produtor rural não compra um trator novo mas troca de carro”. O interesse do cliente do agronegócio por seus produtos e o fato de 62% das vendas da Ram serem realizadas fora das grandes capitais justificam a participação na feira e, inclusive, a opção pela apresentação do novo acabamento da Rampage. A Fiat também ofereceu descontos de até 14% para suas picapes Strada, Toro e a recém-lançada Titano que, no caso da versão de entrada Endurance, de R$ 220 mil era oferecida por R$ 189,2 mil. E apresentou o plano fazendeiro para financiar seus produtos, com entrada de pelo menos 20% e pagamento de parcelas conforme a colheita. Essas condições são extensivas a clientes da fabricante de máquinas agrícolas New Holland Agriculture, sua mais nova parceria de negócios – ou nem tão nova quando se lembra que a New Holland é marca da CNH Industrial que, até a década passada, fazia parte do Grupo Fiat. Partindo do fato que a Fiat é líder do segmento de picapes no País e que New Holland é a marca de colheitadeiras mais vendida do mercado, a montadora aproveitou a Agrishow para apresentar o conDivulgação/Ram Divulgação/Nissan Rampage Laramie Night Edition: lançamento da Ram na Agrishow, com desconto. Estande da Nissan: desconto de 27,5% na picape Frontier.

29 AutoData | Maio 2024 NOVO SUV AIRCROSS Agora ninguém fica de fora CENTRAL MULTIMÍDIA DE 10” COM ESPELHAMENTO SEM FIO MOTOR TURBO 200 COM 130 CV AMPLO ESPAÇO INTERNO COM ATÉ 7 LUGARES O MAIOR DA CATEGORIA Paz no trânsito começa por você.

30 Maio 2024 | AutoData EVENTO » AGRONEGÓCIO ceito Titano New Holland, desenvolvido pela empresa com a Mopar, o braço de peças e acessórios da Stellantis. A picape incorporou a identidade visual da New Holland a começar pela cor azul. Os bancos também são azuis e têm bordados com o logo em amarelo. O modelo exclusivo não será vendido por enquanto e servirá para aguçar a curiosidade e o desejo de potenciais clientes e seguirá sendo exposto em feiras agrícolas, campanhas publicitárias e ativações com consumidores. Otimista com o resultado proporcionado pela participação na Agrishow e confiante na demanda por seu produto a Ford não ofereceu desconto para nenhuma de suas picapes Ranger, Maverick e F-150. Mesmo assim esperava incremento de 60% nas vendas com relação à edição anterior, ao passar de trezentas para quinhentas unidades comercializadas, perfazendo R$ 150 milhões em negócios. VOLVO VOCACIONAIS Em torno de 60% das vendas da Volvo estão ligadas ao agronegócio brasileiro. E apesar de a produção de grãos neste início de ano estar atípica por causa de eventos climáticos adversos e da queda do preço das commodities, a perspectiva é positiva a partir da colheita de milho, assinalou o diretor executivo da Volvo Caminhões, Alcides Cavalcanti. Os valores praticados pelo etanol e açúcar, em sua avaliação, também perfazem bom momento ao segmento sucroalcooleiro. Dado o fato de que a representatividade dos veículos vocacionais é crescente a Volvo lançou, durante a Agrishow, o pacote XC ou Cross Country para o FH 6×4 que, por R$ 30 mil, torna o modelo mais capaz de ser usado em operações agrícolas fora- -de-estrada, com itens para garantir mais robustez ao caminhão. Também foi apresentado, pela primeira vez, o caminhão autônomo FMX próprio para colheita de cana, desenvolvido em parceria com a TMA, fabricante de implementos agrícolas. Batizado como TMA Stark o veículo substitui o autônomo VMX lançado em 2017, que teve um único lote de dez unidades vendidas. O FMX 380 8×4 opera em nível 2 de automação, que mantém o veículo rodando em velocidade constante ao lado da colheitadeira sem que o motorista precise acionar direção, freios e acelerador. O veículo tem rodas e pneus especiais, para passar nos corredores da plantação sem passar por cima dos brotos. Segundo Cavalcanti a expectativa é a de que sejam vendidos de duzentos a trezentos TMA Stark por ano – exatamente sua capacidade de produção. A comercialização ficará a cargo da TMA, que não divulgou investimento nem preço de venda, mas revela que é um pouco mais caro do que um trator fator compensado pela economia de combustível e maior rapidez na operação. VWCO APOSTA NA LOCAÇÃO Pioneira na oferta de locação de veículos direto da fabricante desde agosto de 2022, quando anunciou a criação da VW Truck Rental e ofereceu, na fase piloto, cem caminhões, a Volkswagen Caminhões e Ônibus contabiliza hoje 4 mil ativos locados. A perspectiva, de acordo com Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing, é encerrar 2024 com incremento de 25% a 30%. Isto porque a oferta de veículos para locação aumentará. Volvo FH Cross Country: equipado para o transporte fora-deestrada do agro. Divulgação/Volvo

31 AutoData | Maio 2024 Durante a Agrishow ele contou que foram vendidos 1,3 mil cavalos mecânicos, sendo 1 mil Meteor e trezentos Constellation, para a LM Mobilidade, empresa de locação e gestão de frotas controlada pela Volkswagen Financial Services Brasil. Ambos os modelos atendem ao agronegócio, um dos seus principais clientes. Alouche estima que em torno de 20% das intenções de compra, da ordem de milhares de unidades, são consolidadas em vendas na própria feira. Para locação esta taxa vai de 30% a 40%. Com relação ao impulso mais moderado do agronegócio este ano, em virtude de quebra de safras, preços menores e juros ainda em patamar elevado, Alouche avalia que o cenário ainda é bom: “Embora o agronegócio tenha começado o ano diferente continuará sendo impulsionado pela safra 2024/2025, que poderá novamente bater recorde. Temos visto também crescimento maior que o esperado na construção civil e a projeção do FMI para o nosso PIB foi revisada, para alta de 2,2%. Além disto, estamos confiantes de que até o fim do segundo trimestre teremos novidades sobre o programa de renovação da frota”. MOTORES PARA O AGRO A Cummins Brasil tem investido para ampliar seu leque de opções de motores fabricados no Brasil para o setor agrícola. A companhia aposta no desenvolvimento local de motores eletrônicos e mecânicos a diesel sob nova plataforma, a F, baseada em motores automotivos. Também faz parte da lista de novidades o grupo gerador com motor eletrônico a etanol, que partilha componentes da versão a gás natural ou biometano. O gerador com motorização eletrônica QSB 7 a etanol está em testes que serão finalizados em maio. O produto poderá ser utilizado em usinas de cana-de-açúcar e, embora o biocombustível seja mais caro do que o diesel, a ideia é que o custo toEstande da VWCO na Agrishow: aposta em locações para o agronegócio. Divulgação/VWCO

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