PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO 2 ÍNDICE 3 4 12 20 42 54 62 Editorial Perfil do respondente Visão do Participante Estratégia Indústria 4.0 / Agricultura 4.0 Sustentabilidade Relacionamento com Clientes / Oferta de Prestação de Serviço Coordenação geral SAE BRASIL Daniel Werner Zacher e Ricardo Bacellar; Conselho editorial SAE BRASIL e KPMG Alessandro da Silva, Alex Foessel, Bianca Andrea Lowen, Brunna Bianca Jordão, Caique Paes de Barros, Camilo Abduch Adas, Christiano Blume, Daniel Werner Zacher, Dieisson Pivoto, Eduardo Daher, Eduardo Müller Saboia, Erwin Karl Franieck, Francisco Garcia Reberti Filho, Frederico Olivi, Giovana Araujo, Ingomar Reinoldo Golt, Juliano Rangel, Leandro Maria Gimenez, Maria Aparecida Muniz Marangoni, Mariele Francischinelli Previdi Pedroso, Mauro Miyashiro, Ricardo Bacellar, Ricardo Yassushi Inamasu, Ronaldo Bianchini; Edição AutoData Leandro Alves; Redação AutoData Benê Cavechini; Projeto gráfico/arte AutoData Romeu Bassi Neto; Comercial Valeria Lima e Cristiane Costa; Marketing e publicidade Thais Costa e Bianca Silva
PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO 3 EDITORIAL O Agro em análise Na sequência de iniciativa inédita da SAE BRASIL de gerar conteúdo e debates por meio de pesquisas sobre diferentes modais como a de veículos leves em 2021, caminhões em 2022, chegou a vez do agronegócio, setor tão importante para o Brasil e que certamente não poderia estar de fora deste projeto. Reconhecida vocação do País, o agronegócio pode ser considerado atualmente um dos setores mais importantes para o desenvolvimento econômico nacional. O segmento representa aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto, é responsável por metade das exportações, movimentando mais de US$ 150 bilhões e tem papel determinante no saldo positivo da balança comercial. Em 2023, dentre os produtos mais exportados estão soja, milho, café, açúcar, etanol, celulose, algodão e carnes, colocando o Brasil como um dos líderes na tarefa de prover alimentos para o planeta. Compreender de forma estratégica o momento singular do agronegócio brasileiro, especialmente os desafios, dilemas e oportunidades foi o objetivo da Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio. Realizada ainda em 2023 e finalizada agora, no início de 2024, esta iniciativa inédita buscou capturar e analisar os estímulos que levam os produtores rurais a investir em novas tecnologias, as tendências tecnológicas que estão sendo trabalhadas pelos fabricantes, a visão sobre sustentabilidade e a transição enérgica na cadeia do agronegócio, dentre muitos outros temas elaborados em 60 questões. Este documento é um esforço colaborativo preparado com a contribuição de especialistas membros da mentoria AGRO da SAE BRAISL e da liderança AGRO da KPMG, com a AutoData Editora. Ele envolveu amplo espectro de integrantes da cadeia do agronegócio, incluindo produtores rurais, cooperativas, indústria de máquinas e equipamentos de tecnologia, prestadores de serviços, instituições de ensino e pesquisa e governo. Gostaríamos, neste momento, de agradecer às instituições que apoiaram este projeto, aos voluntários que trabalharam ao longo dos mais de 18 meses no planejamento, elaboração do questionário e análise das repostas e, principalmente, aos voluntários que aceiraram o desafio de participar da pesquisa gerando a fértil matéria-prima deste estudo. A todos eles dedicamos esta publicação.
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 4 A indústria e os distribuidores dizem o que pensam sobre o agronegócio Dois grandes grupos compareceram com maior peso na Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio: os fabricantes e distribuidores de máquinas e implementos e os fabricantes e provedores de equipamentos de tecnologia, telecomunicações e serviços. Eles participaram com 32% e 29% das respostas, respectivamente. Esses dois setores estão na linha de frente para resolver os problemas, elevar a produtividade e tornar o agro brasileiro mais competitivo. Também é preciso destacar os proprietários ruais e a agroindústria representando 20% das respostas desta pesquisa inédita no cenário nacional. Para consolidar análises pormenorizadas dentro do espectro desta pesquisa selecionamos blocos de setores com interesses similares e que responderam as mesmas trilhas de perguntas. Seguindo estes critérios, as entidades, governamentais e setoriais, foram reunidas em um grupo, assim como com as categorias fabricantes e distribuidores de insumos agropecuários. Academia Comércio de Insumos Agropecuários/Fabricante de Insumos Agropecuários Entidade Governamental/Setorial Fabricante de Equipamentos de Tecnologia Fabricante de Implementos Agrícolas/Caminhões e Implementos Rodoviários/Tratores e Máquinas Agrícolas/ Distribuidor de Tratores, Máquinas e Implementos Agrícolas Propriedade Rural/Agroindustrial ou Cooperativa Agroindustrial Provedor de Serviços, Logística ou Consultoria/Provedor de Tecnologia ou Telecomunicações Qual das seguintes opções melhor descreve a atividade econômica da empresa em que você atua profissionalmente no Brasil? (%) 100% 6 8 19 10 5 32 20
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 5 No faturamento, destaque para pequenos e grandes Considerando apenas o faturamento destes atores que responderam de forma espontânea a pesquisa, realizada em formato online no segundo semestre de 2023, destacaram-se três grandes grupos. O primeiro, com 30% das respostas, representa os com faturamento anual de até R$ 5 milhões. Estão aí as empresas e propriedades menores com renda média de cerca de R$ 400 mil por mês. A pesquisa não faz distinção entre pessoas físicas ou jurídicas. Neste universo da faixa de até R$ 5 milhões, a predominância é dos fabricantes e provedores de equipamentos de tecnologia, telecomunicações e serviços, com 43% das respostas. As propriedades rurais vêm na sequência com 29%. No perfil geral do faturamento, aparecem em segundo lugar os respondentes com renda anual acima de R$ 3 bilhões. Eles preencheram 18% das respostas. Os que pontuam entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões, representaram 12% dos participantes. Se unirmos esses dois grupos concluimos que 1/3 das respostas vieram das maiores empresas e empresários deste segmento no Brasil. Este público equivale porcentualmente ao primeiro grupo, dos pequenos e médios negócios do agronegócio nacional. Os alicerces deste trabalho, portanto, estão baseados nesses dois pilares: os que apresentam renda de R$ 5 milhões e os que estão acima de R$ 1 bilhão por ano. Veremos adiante que esses dois grupos têm necessidades e preocupações específicas, que serão reveladas nos outros capítulos desta pesquisa. Nas faixas intermediárias de renda, estão os participantes com faturamento de R$ 5 a R$ 20 milhões, 8%, de R$ 20 a R$ 100 milhões, 16%, de R$ 100 a R$ 400 milhões, 11% e de R$ 400 a R$ 1 bilhão, 5%. No último ano (2022), qual foi o faturamento da empresa em que atua profissionalmente? (%) Até R$ 5 milhões Entre R$ 5 milhões e R$ 20 milhões Entre R$ 20 milhões e R$ 100 milhões Entre R$ 100 milhões e R$ 400 milhões Entre R$ 400 milhões e R$ 1 bilhão Entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões Acima de R$ 3 bilhões 30 8 16 11 5 12 18
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 6 Tamanho da propriedade Dentre as centenas de respostas deste estudo inédito que teve a participação de praticamente todos os extratos de profissionais envolvidos no agronegócio no Brasil, destacou-se o grupo de empresários que são os proprietários das terras que produzem os insumos que abastecem o mundo. Criamos um roteiro de perguntas específico para este importante personagem do agronegócio pois consideramos que são os clientes finais de todos os outros grupos participantes. Assim, apuramos os resultados desta pesquisa captando as opiniões, desejos e necessidades com mais eficácia. A maior parte das respostas deste grupo, 55%, veio das propriedades de médio porte. Em segundo lugar, aparecem os empresários das propriedades de grande porte com 30%, seguidos pelos donos das pequenas propriedades com 15%. Com relação ao tamanho da área da propriedade rural que você atua profissionalmente, qual das opções melhor a define: (%) 55 15 Médio porte 30 Grande porte Pequeno porte
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 7 Onde estão os mais capacitados Esta iniciativa da SAE BRASIL tem o mérito de capturar o pensamento dos profissionais mais capacitados do setor. Um estudo do Sebrae feito com base no Censo de 2017 revelou que dos 5,2 milhões de estabelecimentos rurais do País, apenas 400 mil, ou seja, menos de 10% contam com um dirigente formado no ensino médio ou superior. Nesta pesquisa 49% dos respondentes têm pós- -graduação, 24% contam com mestrado e 8% com doutorado. Apenas 5% têm ensino médio ou inferior. É importante também observar que das pessoas envolvidas na indústria de máquinas e implementos agrícolas mais de 90% das respostas foram de formandos com pós-graduação e mestrado. Nas agroindústrias e cooperativas esse índice também é elevado: 71%. Na sequência vêm os provedores de serviços, logística e consultoria com 69%. E nas propriedades rurais, o percentual de pós-graduados e mestres também é relevante: chega a 57%. Qual o nível educacional mais alto que você completou? (%) 5 14 49 24 8 Ensino Médio ou Inferior Universitário Pós-graduação Mestrado Doutorado
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 8 Predominância de gerentes e coordenadores Quando olhamos para os cargos nas empresas, os gerentes, coordenadores e supervisores foram os que marcaram maior presença na pesquisa com 37% das respostas. Em segundo lugar aparecem os acionistas e proprietários com 23%. Na sequência, os presidentes e diretores com 20% e, por último, os técnicos e funcionários com 12%. Qual é o seu cargo ou principal atribuição na referida empresa? (%) Presidente / Diretor Gerente / Coordenador / Supervisor Outro Acionista / Proprietário Técnico / Administrativo / Comercial / Operacional 100% 37 23 20 12 8
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 9 Sudeste e Sul lideram as respostas Quando se fala em volume de produção agrícola o Centro-Oeste desponta como a principal região brasileira. Mas a atividade está baseada nas grandes áreas. Em número de propriedades, o Sul e o Sudeste se destacam. Nesse panorama o Sudeste teve boa quantidade de respostas do pessoal do segmento de máquinas, implementos e provedores de equipamentos de tecnologia. No Sudeste, a produção agrícola também é considerável, principalmente a cana-de-açúcar, laranja e café. A pesquisa refletiu essa realidade com 47% das respostas vindas dessa região. Em segundo lugar aparece o Sul do País, com 38%. Os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul contam com mais indústrias do setor e têm grande concentração de propriedades médias e pequenas. O Centro-Oeste enviou 8% dos questionários, um número que bate com a porcentagem de imóveis rurais na região. Em qual região do Brasil a empresa em que atua profissionalmente está localizada? (%) 47 38 8 2 5 Sudeste Sul Centro-Oeste Norte Nordeste
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 10 Perfil maduro A pesquisa demonstra que 54% dos respondentes estão na faixa dos 31 a 50 anos. No patamar acima, entre 51 a 60, estão 25%. Isso significa que a grande maioria do público, 79%, se localiza no intervalo entre 31 e 60 anos, que é justamente o período mais intenso de trabalho na vida das pessoas. Qual a sua idade? (%) 4 54 25 17 18 a 30 anos 31 a 50 anos 51 a 60 anos Acima de 61 anos
CAPÍTULO #1 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO PERFIL DO RESPONDENTE 11
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 12 Certezas e aspirações do campo A Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio demonstrou uma relevante tendência entre os respondentes: 44% reconhecem que a adoção de novas tecnologias traz melhor performance, ganhos de produtividade e redução de custos. É quase um consenso no universo do agronegócio. Mas o trabalho foi além, cruzou dados dos perfis dos respondentes, e traz revelação para o setor industrial, que também pode ser interpretada como oportunidade. Parte considerável do público, 34%, entende que essas novas tecnologias precisam dialogar com produtores de diversas faixas etárias e tamanho de operação, além de serem compatíveis entre sistemas agrícolas diferentes. As alternativas oferecidas pelas primeiras cinco questões deste capítulo pretendem responder sobre os desafios e oportunidades referentes à adoção e utilização de novas tecnologias em máquinas e implementos, sistemas de agricultura de precisão e telemática associados a esses e outros equipamentos. As respostas obtidas convidam a agroindústria observar melhor seus processos de produção antes de definir investimentos. Por exemplo: chama a atenção o fato de que apenas 13% colocam o custo como limite para a adoção em maior escala das tecnologias. Os bons resultados financeiros em todos os segmentos do agronegócio nos últimos anos talvez expliquem este ponto de vista. A efetividade da tecnologia, a facilidade de utilização e sua adequação à operação são mais relevantes que o custo de aquisição. Outra revelação interessante nesse gráfico que corrobora com a afirmativa acima: 9% apontam a importância das novas tecnologias para reduzir a escassez de mão-de-obra no campo. Dado importante para compreender as preocupações daqueles que participaram da pesquisa está refletido nos Censo Agropecuário de 2006 e o de 2017. Segundo o IBGE, o número de tratores no campo aumentou 49% nesse período. E a população rural diminuiu algo como 1 milhão e meio de pessoas nesses onze anos. Em 2006, havia 16,6 milhões de pessoas vivendo na área rural. Na mais recente apuração do Censo, de 2017, o número caiu para 15,1 milhões. No âmbito da SAE BRASIL defende-se que a mecanização e a tecnologia são habilitadoras de ganhos de produtividade e eficiência, por consequência maior renda e empregos de melhor qualidade e maior segurança ocupacional.
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 13 O que considera como uma certeza absoluta? Selecione 2 opções: (%) A adoção de novas tecnologias traz maior produtividade, ganhos de performance e redução de custos A crescente adoção da automatização e soluções mecanizadas nas atividades agropecuárias estão vinculadas a escassez de mão de obra Novas tecnologias precisam falar a linguagem do produtor rural e ser compatíveis entre sistemas de fornecedores diferentes A melhor qualidade de vida no campo deve ser uma demanda crescente no Brasil e no mundo, porém o custo da tecnologia no país limita sua adoção em maior escala O custo da tecnologia limita a sua adoção em maior escala 44 9 34 9 4
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 14 Agricultura de precisão, a maior necessidade Quando se mede as principais oportunidades que rondam o dia a dia do produtor, a que aparece em primeiro lugar é a agricultura de precisão. A questão elencou algumas tecnologias já bastante utilizadas como geoprocessamento, piloto automático dos equipamentos e aplicação por taxa variada. Esta opção representou um terço das respostas. Em segundo lugar, vêm a oportunidade de utilizar novas tecnologias como a eletrificação e maior utilização de biocombustíveis nos equipamentos agrícolas, com 27%. Na sequência, entra a linha das ferramentas de tecnologia digital e gestão do negócio, com 21%. As soluções para agricultura de pequena escala comparecem com 19% nesta questão. Se considerarmos que as ferramentas de tecnologia digital também podem ser enquadradas dentro do conceito mais amplo de agricultura de precisão, vemos que os dois itens somam 54% e correspondem ao setor do agro com maior demanda atualmente. Quando abrimos esse universo para ver que setores se interessaram mais pela agricultura de precisão, notamos que 34% das respostas vieram dos produtores e das cooperativas. Em segundo lugar, aparece a indústria de máquinas, implementos e distribuidores com 32%. Os fabricantes e provedores de equipamentos de tecnologia e serviços seguem no terceiro lugar com 18%. A agricultura de pequena escala, ou agricultura familiar, também é um segmento que mereceu atenção dos participantes da pesquisa. Mesmo sendo a menor opção dentre as possibilidades, com 19%, é relevante observar quem visualizou oportunidades na agricultura familiar. Dentro desse grupo, a maior parte das respostas veio do setor da indústria e de seus distribuidores. As entidades setoriais e academia também demostraram preocupação com este segmento da agricultura. A agricultura familiar vem perdendo terreno na produção total do agro brasileiro, mesmo assim ainda é um segmento relevante. Os dados dos Censos confirmam. Em 2006, o País contava 4,3 milhões de estabelecimentos rurais classificados como agricultura familiar. Esse número caiu para 3,8 milhões em 2017, o que sugere um movimento de concentração neste segmento familiar. O número de propriedades ainda é maior: 77% estão nas mãos dos pequenos. Mas eles respondem por apenas 23% da produção agropecuária e a renda caiu 10% entre 2006 e 2017.
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 15 Qual a principal oportunidade envolvendo o negócio em que atua? (%) Adoção de novas tecnologias como automação, eletrificação, uso de biocombustíveis no âmbito das máquinas agrícolas Agricultura de precisão (por exemplo: gestão da operação de campo via geoprocessamento, piloto automático e aplicação por taxa variada) Ferramentas de tecnologia digital na gestão do negócio Soluções para agricultura de pequena escala (por exemplo: soluções de pequeno porte) 27 33 21 19
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 16 Capacitação, o grande desafio Esta enquete inédita demonstrou que 38% dos respondentes elegeram a capacitação dos produtores e da mão de obra como o grande desafio a ser enfrentado pelo agronegócio brasileiro. Na prática, não adianta o produtor buscar eficiência com uma colheitadeira equipada com várias tecnologias de ponta se não há na fazenda e no mercado alguém capaz para operar. Este gargalo vai além da mão de obra. O próprio produtor necessita mais capacitação, mesmo o Brasil possuindo grandes empresários globais do agronegócio. Para demonstrar o déficit na capacitação debruçamos com mais atenção nos dados comparativos do Censo Agropecuário, que confirmam essa tendência capturada em nossa pesquisa. O IBGE revelou no Censo de 2017 que 23% dos moradores do campo ainda eram analfabetos. Em 2006, esse número estava na casa dos 24%. Portanto, a situação continua crítica. Em segundo lugar, na questão sobre os desafios aparece o custo das tecnologias, com pouco mais de um terço das respostas. É outro gargalo porque a inovação exige investimentos, que precisam também ser remunerados lá na frente. A terceira preocupação é a conectividade efetiva, com 18% das respostas. Estudando a fundo as respostas, encontramos uma supresa nessa questão. A impressão que se tem à primeira vista é que o problema da conectividade afeta mais o Centro-Oeste e o Norte do País, por causa das grandes distâncias e baixa penetração das redes 4G. Mas a pesquisa demonstra que o problema existe em todas as regiões e até no Estado de São Paulo, o mais desenvolvido e com a melhor infraestrutura. É interessante notar novamente que apenas 14% das respostas apontam a disponibilidade de crédito como um desafio. Este é mais um sinal de que o campo hoje está capitalizado em virtude do ciclo positivo dos preços das commodities.. Qual o principal desafio envolvendo o negócio em que atua? (%) Capacitação dos produtores ou disponibilidade de mão de obra especializada Conectividade efetiva Custo das tecnologias Disponibilidade de crédito 100% 38 18 31 13
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 17 Conectividade difícil Uma das questões levantadas pela Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio é sobre as tendências que mais geram preocupação. A maior fatia das respostas, 40%, apontou a dificuldade de acesso à conectividade. É um resultado que está em linha com a questão anterior, onde mais de um terço dos respondentes apontou a agricultura de precisão como a principal necessidade. Cerca de 70% das propriedades rurais no País ainda não têm acesso à internet. Para diminuir essa defasagem nas conexões de banda larga surgiram, em 2019, duas associações que reuniram vários setores do setor industrial, de serviços, de tecnologia e do agronegócio. A Conectar Agro é formada por Grupo AGCO, Grupo CNH Industrial, Vivo, Tim, Nokia, Trimble, Yara, Climate Fieldview, AWS e Solinftec. E a Campo Conectado reúne a John Deere e a Claro. Essa mobilização das duas associações contribui para o avanço da infraestrutura de telecomunicação celular no campo. Nesse período de quatro anos foram implantadas antenas em cerca de 18 milhões de hectares. É um salto formidável: com essas iniciativas as empresas conseguiram levar conexão de banda larga para 23% da área total de grãos cultivada no País, hoje estimada em 78 milhões de hectares. Obsolescência: pecado ou virtude? Depois da conectividade, a tendência que mais preocupa é a rapidez na obsolescência das tecnologias. Do total das respostas, 28% apontaram esse problema. E aqui está um dos principais dilemas da vida moderna no campo. Há pouco tempo, a vida útil de um trator ou uma colheitadeira ainda era medida apenas pela resistência do motor ou das peças. O agronegócio brasileiro tem muito a avançar nesse terreno. Um estudo da Consultoria Cogo Inteligência revela que 72% das colheitadeiras têm mais de 11 anos de idade. Nos tratores, esse índice é de 68%. É possível um trator continuar funcionando bem até com o dobro dessa idade, dependendo das condições em que ele trabalha. O problema agora são as tecnologias que vão sendo incorporadas à máquina. Se não há a possibilidade de atualizações essas tecnologias correm o risco de inviabilizar o equipamento. Esta questão da obsolescência dialoga com a falta de conectividade e, também, com a falta de capacitação já demonstradas neste capítulo. De fato, é um grande desafio a ser enfrentado nos próximos anos. No gráfico abaixo as outras opções que podem trazer preocupação são a dificuldade na manutenção das máquinas agrícolas, para 23% dos respondentes, e a segurança nas máquinas autônomas, com 9%. Nesse último item, estão as dúvidas sobre o funcionamento dessas tecnologias. Até que ponto elas eliminam os riscos das operações?
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 18 Qual a principal tendência emergente que lhe preocupa? (%) Dificuldade de acesso a soluções de conectividade Dificuldade para realizar manutenção e consertos de máquinas agrícolas Máquinas autônomas e sua segurança Rapidez da obsolescência das tecnologias 40 28 9 23
CAPÍTULO #2 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO VISÃO DO PARTICIPANTE 19 Qual tendência passada pode retornar na sua opinião? (%) O retorno das boas tendências A pesquisa também levantou as oportunidades que surgiram como tendência no passado e que poderiam ganhar mais força para ajudar o agronegócio. Mais de um terço das respostas, exatamente 33%, evidenciou a oportunidade dos programas de incentivo para renovação do maquinário. Esta opção está relacionada com o desejo da ampliação das linhas oficiais de crédito. Na safra 2023/24, o Plano Safra destinou R$ 9,4 bilhões para o Moderfrota, com taxas de juros de 12,5% ao ano. Na safra anterior, o governo havia alocado R$ 10,1 bilhões, ou seja, este ano foram R$ 600 milhões a menos. Os recursos são limitados e se esgotam rapidamente. Quando o produtor não consegue uma linha dentro do crédito oficial, tem que negociar com os juros livres do mercado, que são mais altos. Em segundo lugar, aparece o fortalecimento das cadeias de fornecimento e ampliação do conteúdo local, com 28% das respostas. A política industrial do just-in-time trouxe dificuldades durante a pandemia com a reposição de peças e insumos importados. É natural, portanto, que haja agora esse apontamento para que a indústria diminua a sua exposição aos riscos e melhore a produção local. Outra oportunidade que poderia ter utilidade agora para 14% dos respondentes seria a utilização de máquina de forma coletiva. O compartilhamento no uso dos equipamentos mais caros é uma necessidade principalmente para os pequenos produtores que têm menos capital para investir. Em quarto lugar, aparece a preocupação com certificações e atendimento às regulamentações. Um sinal de que uma parcela do público participante não tem segurança com as atuais condições impostas no mercado. Certificações e atendimento a regulamentações (exemplo: certificação compulsória do desempenho/segurança de máquinas) Financiamento para recuperação de áreas degradadas Fortalecimento da cadeia de fornecedores e ampliação do conteúdo local Programas de incentivos para renovação de maquinário Sem opinião Utilização de máquinas de forma coletiva através de entidades públicas e/ou privadas 33 13 1 28 14 11 100%
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 20 Renovar é preciso, mas com moderação O agricultor já está convencido de que renovar o maquinário é essencial para o futuro do seu negócio. Mas para tomar esta decisão é preciso levar em consideração uma série de variáveis e chegar à conclusão de que nem sempre um equipamento novo é a prioridade do momento. A Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio procurou detectar os comportamentos dos produtores para esta questão. Neste contexto, a intenção dos produtores é prolongar o uso do maquinário. A pesquisa indicou que 48% das propriedades pretendem renovar o trator no período de sete a dez anos. Nas colheitadeiras, esse porcentual é menor, 39%. Mesmo com esses resultados expressivos é possível dizer que há um processo de renovação moderado destes dois equipamentos essenciais no campo. A idade média da maioria dos tratores e de colheitadeiras em operação Brasil é de onze anos, segundo dados já apresentados no segundo capítulo desta pesquisa. A colheita é uma operação estratégica e necessita de máquinas cada vez mais conectadas e atualizadas. Isso talvez justifique a preocupação de renovar alguns equipamentos em prazo um pouco mais curto. Enquanto no trator, a intenção de troca no período de cinco a sete anos, aparece com 21%, na colheitadeira esse porcentual sobe para 27%. O ano de 2023 foi difícil para a venda de máquinas no Brasil. Relatório da Abimaq, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, revela que foram vendidas 61.018 máquinas, queda de 13% com relação ao mesmo período de 2022. Mesmo com a safra recorde de 315 milhões de toneladas, quase 20% acima da colheita do ano anterior, os preços não foram tão bons e a renda não evoluiu o suficiente para dar fôlego ao produtor. É preciso considerar que em alguns setores a renovação ocorre em tempo menor. É o caso das plantações de cana-de-açúcar. A colheita se estende por oito meses, de abril a novembro no Centro-sul, com as máquinas trabalhando 24 horas por dia. Nesse caso, os equipamentos são usados em média até o máximo de sete anos. Todas as faixas apresentadas nestas enquetes para renovação de tratores e colheitadeiras demonstram para os fabricantes destes equipamentos que há demanda para incrementar suas vendas. As formas de fazer a conexão entre a produção e os clientes, em suas diversas especificidades no universo do agronegócio brasileiro, serão apresentadas nos próximos capítulos desta pesquisa.
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 21 Com que frequência a empresa pretende renovar as máquinas autopropelidas: (%) De 1 a 3 anos| De 3 a 5 anos | De 5 a 7 anos | De 7 a 10 anos | Acima de 10 anos 100% 100% 6 12 4 10 21 12 21 27 48 39 Trator Colheitadeira
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 22 Com que frequência a empresa pretende renovar os implementos agrícolas: (%) Nos implementos, listados nesta Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio plantadeira e pulverizador, os resultados mostram um panorama semelhante: a maioria pretende renovar os equipamentos no prazo de sete a dez anos. Apenas no caso dos pulverizadores 33% pretendem trocar o equipamento no prazo de cinco a sete anos. Para as plantadeiras, nesse mesmo período, o percentual é menor, 24%. O que pode explicar esta opção é o avanço tecnológico nos pulverizadores motivando os agricultores modernizar mais rapidamente seus equipamentos. De 1 a 3 anos| De 3 a 5 anos | De 5 a 7 anos | De 7 a 10 anos | Acima de 10 anos 100% 100% 3 6 6 4 15 12 24 33 52 45 Plantadeira Pulverizador
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 23 O segmento de máquinas autopropulsadas passa por uma verdadeira transformação. As máquinas agrícolas que a indústria coloca à disposição dos clientes possuem a melhor tecnologia disponível, auxiliando os agricultores a obter os melhores resultados ano após ano. Essa revolução pela qual o segmento passa é fruto de altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação no país. Inteligência artificial, machine learning, e conectividade são ferramentas que fazem parte do dia a dia e tornam-se indispensáveis para o aumento da produtividade no campo. A pesquisa apurou que o principal gargalo para que o agricultor possa realizar a troca do seu trator, colheitadeira ou implementos é a elevada taxa de juros atualmente praticada. Contudo, estamos presenciando uma diminuição da Selic, o que contribuirá para minimizar essa questão e permitir que nossos clientes possam renovar suas frotas, substituindo-as por máquinas cada vez mais eficientes, sejam elas destinadas ao pequeno, médio ou grande agricultor. Márcio de Lima Leite, Presidente da ANFAVEA
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 24 Os fatores decisivos na compra No momento de adquirir máquinas e implementos, os fatores que mais influenciam estão ligados às condições financeiras para a conclusão do negócio. Os questionários apontaram que os juros entram em primeiro lugar, com 25%. Depois, segue a disponibilidade de crédito, com 19%. Os prazos de pagamento também são citados por 14% dos respondentes. Somando esses três fatores pode-se dizer que 58% das preocupações dos empresários têm ligação com as condições listadas acima. A surpresa é que os preços das commodities não figuraram como a principal preocupação na hora de definir as compras necessárias para a operação agrícola. São citados por 16% dos respondentes, mas depois de três alternativas ligadas aos aspectos financeiros. Os preços da venda da safra deveriam balizar os investimentos, mas não são determinantes. Mesmo quando as cotações flutuam ao sabor da oferta e da demanda. Caem num ano, sobem no outro. Dessa forma, avaliamos que questões pontuais de mercado não são decisivos para muitos empresários desta atividade. Veremos as razões para isto nas próximas questões. Outro dado que confirma esta afirmação é que quando questionado quais os fatores que podem antecipar ou adiar investimentos em máquinas, as novas tecnologias, tradicionalmente mais caras, já entraram no radar dos produtores, com 12% das respostas. Mais do que o risco climático ou os aspectos regulatórios. Que fatores podem antecipar ou postergar a decisão de renovação de máquinas e implementos agrícolas? Selecione 3 opções: (%) Juros de financiamento Prazo de pagamento Disponibilidade de crédito Perspectiva de preços de commodities Risco climático Aspectos regulatórios (legislação) Novas tecnologias 25 14 19 16 8 6 12
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 25 TECNOLOGIA FUSE: A FUSÃO ENTRE A AGRICULTURA INTELIGENTE E A SUA LAVOURA. Soluções inovadoras para te ajudar a alimentar o mundo. Sistema de monitoramento de colheita em tempo real para obter dados, como: produtividade, umidade, elevação e variabilidade da lavoura. Piloto automático elétrico, prático e intuitivo que reduz custos e aumenta a produtividade da lavoura, pois mantém a máquina no seu traçado exato.
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 26 Quase um terço recorre a recurso próprio ou ao Governo A pesquisa indica uma boa capitalização dos produtores: 27% das respostas mostram que as compras de máquinas são feitas com recursos próprios. É um dos sinais que demonstram o aumento da renda no campo, principalmente nos últimos cinco anos. O salto maior ocorreu em 2020, quando o Valor Bruto da Produção Agropecuária superou R$ 1 trilhão, segundo o acompanhamento do MAPA, Ministério da Agricultura e Pecuária. Nesse ano, a renda das lavouras e da pecuária aumentou 17% com relação a 2019. Nos anos seguintes, o número ficou estabilizado, mas permaneceu acima de R$ 1 trilhão. Em 2023, somou R$ 1 trilhão 168 bilhões, 2,5% a mais do que em 2022. O crédito disponível por causa do bom desempenho que muitos empresários do campo demonstram para o Governo é a segunda fonte mais acessada para financiar sua operação, com 26%. Nessa coluna, estão os produtores que fazem negócios apenas com o dinheiro do Plano Safra, sem recorrer a fontes privadas como bancos, outras empresas, fintechs etc. Entre os que usam recursos próprios, há aqueles, 11% dos apontamentos, que também pretendem recorrer a dinheiro privado, quando for conveniente. No mesmo sentido, os que acionam o financiamento público, igualmente pensam utilizar crédito das instituições privadas ou empresas, 9% das respostas. Isso demonstra que praticamente dois terços da produção agropecuária brasileira tem nos financiamentos uma ferramenta importante para fazer seus negócios acontecerem. No caso dos implementos, o quadro é semelhante aos das máquinas, quanto à fonte de recursos: 27% das compras são feitas com recursos próprios e 26% diretamente com financiamentos do Governo.
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 27 Tenho comprado com recursos próprios Tenho financiado com recursos de fontes públicas e não pretendo recorrer a recursos de fontes privadas Tenho comprado com recursos próprios mas terei que recorrer a recursos de terceiros Tenho financiado com recursos de fontes públicas mas pretendo recorrer a recursos de fontes privadas Tenho financiado com recursos de fontes privadas Tenho comprado via consórcio Tenho comprado via barter Tenho comprado com moeda digital (token) 9 15 8 4 0 14 12 5 5 0 100% Em relação à aquisição de máquinas autopropelidas/implementos agrícolas, quais são as suas duas opções predominantes: (%) 11 26 27 11 26 27 Máquinas Autopropelidas | Implementos Agrícolas
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 28 Relação custo-benefício e assistência no pós-venda são fatores decisivos A decisão de adquirir uma máquina nova ou implemento é tomada considerando uma série de fatores. Alguns falam mais alto, segundo esta enquete inédita: a relação custo-benefício, a assistência técnica e o pós-venda, a confiabilidade da marca e o consumo de combustível. No quadro a seguir, você verá os itens que o cliente considera mais relevantes. As classificações muito importante e importante revelam as principais prioridades para os respondentes, considerando todos os perfis de participantes já demonstradas no primeiro capítulo. A relação custo- -benefício, por exemplo, salta em primeiro lugar. Empatada com essa questão, aparece assistência técnica e pós-venda. Na sequência, surge a confiabilidade da marca. Depois, pontuam consumo de combustível e otimização da produção. Observe com atenção o gráfico para encontrar os porcentuais de cada uma dessas prioridades. Condições de financiamento e treinamento estão também colocadas como muito importantes. Mas é interessante observar que as questões da pauta socioambiental – uma tendência que tem total relação com o manejo da terra e a agricultura em todos os seus espectros – ainda não estão no rol de prioridades. Quais destes fatores têm maior peso na sua avaliação de compra de máquinas e implementos agrícolas? (%) Custo-benefício Adequação à cultura e ao tamanho da propriedade Compatibilidade com software de gestão agrícola Otimização da produção Condições de financiamento Desempenho do equipamento Muito importante | Importante | Neutro | Pouco importante | Sem importância 70 39 67 79 58 21 27 27 39 52 18 58 24 3 3 3 6 3 3
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 29 Direção autônoma Treinamento Combustível renovável Fabricação (nacional x importado) Valor de revenda Consumo de combustível Confiabilidade da marca Assistência técnica e pós venda Tecnologias digitais Recursos de conectividade Conforto, segurança e ergonomia Obsolescência/Depreciação Muito importante | Importante | Neutro | Pouco importante | Sem importância 27 30 12 70 15 79 55 76 18 24 27 30 27 45 39 18 21 36 36 33 45 42 40 48 18 21 27 24 27 24 9 27 21 7 18 9 7 7 6 10 13 15 4 3 3 3 4
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 30 Lojas físicas predominam As lojas físicas ainda aparecem como o principal canal de compra de máquinas e implementos novos, com 67%. Aprofundando essa análise descobrimos que a concessionária tem a maior preferência nesta questão. Quem compra direto dos fabricantes se dividem entre os que vão à loja física, 16% ou às feiras, 13%. As vendas online ainda estão engatinhando: 5% para quem negocia direto com as indústrias e 2% nas concessionárias e cooperativas. A grande surpresa é o destaque que as cooperativas vêm assumindo no mercado: 22% dos respondentes dizem que preferem adquirir as máquinas e implementos novos por meio das cooperativas e retirar nas lojas físicas. Há boas razões para isso. O agricultor, como cooperado tem um relacionamento estreito dentro dessas organizações: é ali que negocia e entrega sua produção. Com a força de todos reunidos em cooperativas há mais facilidades para adquirir os insumos. E agora também há a oportunidade de negociar melhor a aquisição das máquinas e implementos. A tendência é recente e vem crescendo. As cooperativas que já possuem os seus pontos de venda de insumos e alimentos – concorrendo com os supermercados – agora também estão se transformando em atacadistas no setor de máquinas e implementos. Negociando direto com os fabricantes, as cooperativas podem adquirir maiores volumes e conseguir descontos. Além disso, o corpo técnico da cooperativa já presta serviços para o agricultor e tem mais intimidade e expertise para orientá-lo na compra do equipamento mais adequado. Quais os seus canais para compra de máquinas e implementos agrícolas novos? Selecione até 3 opções: (%) 19 67 Feira Loja física 4 10 Outros Online
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 31 Internet: mercado potencial. Embora existam dificuldades, a pesquisa demonstra que o potencial das vendas online é enorme. Começando por aqueles que nunca pensaram no assunto, 48%, um público que pode ser cativado por esta modalidade a partir desta constatação da pesquisa. Dentre os que tiveram uma experiência em marketplace online, 9%, já aderiram porque utilizou e gostou. Outros 24% estão propensos a experimentar. Apenas 15% dos respondentes não tiveram uma boa experiência nos negócios feitos pela internet. Este, portanto, é um resultado a ser trabalhado pelos operadores de serviços online para compra e venda. Por exemplo: não há reclamação da oferta das fabricantes no mundo online: apenas 4% apontaram isto como algo que impede que faça negócios pela internet. Para os produtores, é um canal interessante de compra e venda por causa das grandes distâncias no campo. De qualquer forma, para equipamentos mais caros como trator e colheitadeira, o test drive continuará sendo mandatório. Após comprovar a eficácia e aplicabilidade do equipamento, a negociação pode se desenrolar pela internet, que oferece também uma grande quantidade de informação necessária para tomar a decisão. Considero comprar pela internet | Já utilizei e gostei da experiência | Já utilizei mas não gostei da experiência Nunca pensei | Pouca opção de marcas Você também consideraria comprar máquinas e implementos agrícolas pela internet (marketplace)? (%) 100% 24 4 9 15 48
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 32 Abrindo ainda mais as respostas desta questão descobrimos que na compra dos equipamentos e serviços de tecnologia digital, as cooperativas também são preferência para 15%, utilizando as lojas físicas como ponto de entrega. Está logo atrás das concessionárias, com 19%. Na venda de serviços, influi muito o corpo técnico da cooperativa que está em permanente contato com o agricultor e pode oferecer a gama de produtos e softwares mais adequados para a sua propriedade. Na hora de adquirir qualquer produto, o agricultor costuma dar preferência à cooperativa da qual é sócio. Dentre vários fatores isso se dá porque aumenta o giro financeiro da entidade, o poder de negociação e, também, que parte do lucro das cooperativas retorna para seu associado. Quais os seus canais para compra de equipamentos e serviços de tecnologia (agricultura digital)? Selecione as 2 principais opções: (%) 19 57 Feira Loja física 10 14 Outros Online
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 33 Você também consideraria comprar equipamentos e serviços de tecnologia (agricultura digital) pela internet (marketplace)? (%) 100% 30 6 15 4 45 Os serviços baseados em tecnologias são mais aceitos serem adquiridos na internet, comparando com a mesma enquete para as máquinas e implementos. O público que demanda desses produtos é mais conectado e, portanto, mais receptivo. Os respondentes que nunca pensaram nessa possibilidade somam 45%, um pouco menos do que os 48% da venda de máquinas e implementos. O percentual dos que consideram comprar é um pouco maior: 30%, contra 24% da tabela anterior. Na linha dos que já usaram e gostaram, aqui também o número é mais encorpado: 15% e 9% respectivamente. Considero comprar pela internet | Já utilizei e gostei da experiência | Já utilizei mas não gostei da experiência Nunca pensei | Pouca opção de marcas
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 34 As cooperativas brasileiras têm se destacado como vitrines tecnológicas junto aos produtores rurais, lançando mão de estratégias como a modernização de lojas para atendimento ao cooperado e a promoção de destacadas feiras agropecuárias em todo o País. Tal planejamento muito se dá pela valorização das relações interpessoais por parte do agricultor brasileiro no momento da aquisição de máquinas e equipamentos, refletida no resultado da pesquisa, onde a maior parte desse público ainda busca as feiras e lojas físicas das cooperativas, concessionárias e fabricantes para efetivarem seus negócios. É perceptível que os canais digitais vêm sendo aprimorados, mas não necessariamente no intuito de que seja promovida uma virada de chave na atual forma de relacionamento com o cliente. Eles são uma complementação ao portifólio de opções oferecidas. Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 35 Qual o seu principal canal para venda de máquinas e implementos agrícolas usados? (%) Venda de usados A concessionária é o principal canal para o produtor vender a sua máquina ou implemento agrícola usado: 48% dos respondentes têm essa preferência. A negociação costuma ser feita para a troca por outro novo ou usado. A venda avulsa para particulares é apontada como um canal relevante para 33% e as oficinas e lojas entram na terceira opção com 19% das respostas. Concessionários (troca na compra) Venda avulsa/particular Venda para comércio (oficinas, lojas, revendas) 48 33 19
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 36 O que desejam clientes e fabricantes A Pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio elaborou uma questão classificada por níveis de importância para mapear os sentimentos de todos os pesquisados sobre o papel da indústria. A robustez do equipamento foi a que teve a maior votação: 75% consideram o tema como muito importante, e 25% como importante. O custo da operação apareceu em segundo lugar com 61% como muito importante. Serviços no pós-venda entraram na sequência com 54%. E o custo de aquisição com 51%. Ainda no pós-venda, aparece uma outra preocupação que hoje é fundamental em tempos de agricultura de precisão: 37% dos produtores consideram como muito importante ter soluções completas da concessionária, incluindo aí plano de manutenção, seguro e acompanhamento da operação da máquina em campo. O agricultor que estiver com sua propriedade conectada pode monitorar, junto com o concessionário, as atividades dos equipamentos. A manutenção preditiva é algo que ganha força no campo e reduz o tempo necessário para qualquer manutenção. Com isso, a produtividade aumenta porque a máquina fica menos tempo parada. As longas distâncias e a demora no atendimento eram entraves que hoje não podem mais ser admitidos. Formação e treinamento de operadores e condições de financiamento receberam 49% dos apontamentos muito importante, enquanto tecnologia embarcada, 46%, combustíveis limpos, 37% e customização do equipamento, 35%. Interessante notar que biodiesel, biometano e eletrificação, ainda não são classificados com o mesmo nível de preocupação que os itens acima. Nem mesmo como importante apesar de que nesta coluna houve um aumento dos apontamentos dos participantes. Mas ainda não estão na primeira prateleira desta atividade. Quando aprofundamos nossas análises percebemos diferenças entre as prioridades dos produtores e cooperativas e da indústria. A questão da robustez, por exemplo, é muito importante para os produtores, com 87%. Nesse item, os fabricantes apontaram 79%. Na tecnologia embarcada, 60% dos agricultores apontam essa necessidade. A indústria comparece com apenas 38%. No custo de aquisição, outra diferença: 66% das propriedades rurais e cooperativas indicam a questão como muito importante. Na indústria, 44%. No custo da operação, 72% dos produtores entendem que o assunto é muito importante. Os fabricantes citam 57%. Há uma lógica natural por trás desses resultados. Enquanto o agricultor está de olho em custo de aquisição e, principalmente, no de operação no campo porque são vitais e podem desequilibrar o orçamento da propriedade, para o executivo da indústria existe oportunidade de entender as demandas dos seus clientes e traduzi-las em melhores produtos e serviços. Na análise da questão dos serviços pós-venda, há preocupações que precisam ser levados aos fabricantes. Produtores e cooperativas, 72%, classificam como muito importante esses serviços, enquanto as montadoras apontam um percentual menor: 55%. Na linha correspondente à qualidade de atendimento da rede de concessionárias, 63% dos produtores apontam que o assunto é muito importante, enquanto na indústria esse número cai para 50%. Portanto, se a satisfação do cliente é algo que potencializa novos negócios, existem oportunidades para as fabricantes atenderem melhor as necessidades do campo.
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 37 14 21 8 20 Qual o nível de importância que os fabricantes deveriam dar para os temas abaixo: (%) A robustez do produto, o desempenho em campo Tecnologia embarcada (conectividade, direção autônoma, etc.) Condições de financiamento Combustíveis limpos (diesel renovável, eletrificação, etc.) Programa de formação e treinamento de operadores Rede de concessionárias (distribuição geográfica, qualidade atendimento, oferta de serviços) Customização de solução para operação agropecuária, buscando melhorar o desempenho do negócio Serviços pós venda (treinamento, revisão, peças e mão-de-obra de manutenção) Solução completa da concessionária, englobando veículo, financiamento, plano de manutenção, seguro, dados de desempenho de veículo Custo de aquisição Custo de operação, incluindo manutenção, gestão, combustível, peças de reposição, etc. Muito importante | Importante | Neutro | Pouco importante | Sem importância 75 25 46 49 37 49 44 35 54 37 51 61 48 35 43 41 40 41 36 39 40 35 4 9 5 13 17 9 1 2 | 1 1 2 3 2 2 | 1 4
CAPÍTULO #3 PESQUISA SAE BRASIL CAMINHOS DA TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO ESTRATÉGIA 38 Otimismo com as máquinas autônomas Embora parte das respostas tenha assinalado que essa nova tecnologia não se encaixa no seu negócio, a maior parcela dos fabricantes e clientes veem com otimismo a automação de máquinas e equipamentos. 56% acreditam que a tecnologia já está disponível e que será disseminada em menos de uma década. Por outro lado, 15% entendem que são soluções ainda conceituais e que levarão mais de uma década para sua adoção em escala. Quando consideramos apenas as respostas enviadas por produtores e cooperativas, vemos que dois terços deste público está do lado dos entusiastas e dos que gostariam de testar tecnologias autônomas. Os reticentes com essas novidades são, portanto, minoria. Em relação às máquinas autônomas/robôs, que não tem operador na cabine, qual o seu posicionamento: (%) Gostaria de testar a tecnologia, entender os custos e avaliar se vale a pena depois de um determinado período Já é uma realidade e sua escala de adoção será rápida Não se encaixa no meu negócio Sou entusiasta de novas tecnologias e gostaria de colocar esta ideia em prática Tecnologia já está disponível, mas sua disseminação será a médio prazo (menos de uma década) Uma solução ainda conceitual, que levará mais de uma década para sua adoção em escala 100% 6 9 8 6 56 15
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