São Paulo – Sem possibilidade de reverter a decisão tomada pela Ford de parar de produzir automóveis e caminhões na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, o governador de São Paulo, João Dória, decidiu intervir de maneira, no mínimo, inusitada: delegou ao seu secretário da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, a missão de ir ao mercado buscar compradores para a unidade, com a anuência dos diretores da companhia.
Tal intenção fez parte dos planos da direção da Ford até o final do ano passado, segundo confirmou a própria empresa à Agência AutoData. “Nossa tentativa de vender o negócio de caminhões foram extensivas, duraram vários meses até o final do ano passado e incluíram vários potenciais compradores”, afirmou a companhia em e-mail enviado à reportagem, sem citar esses grupos por questões de sigilo.
Mas Dória argumentou, em entrevista coletiva à imprensa após a reunião com o presidente da Ford América do Sul, Lile Watters, seu vice-presidente de assuntos governamentais, comunicação e estratégia Rogelio Golfarb, Meirelles, o prefeito de São Bernardo Orlando Morando e o vice-governador Rodrigo Garcia na manhã de quinta-feira, 21, que o Estado de São Paulo dispõe de mecanismos e influência que podem auxiliar a montadora a encontrar interessados em comprar a fábrica da Taboão.
Segundo ele a Ford não conseguiu encontrar um investidor em função “do momento político e econômico pelo qual passava o Brasil”, e que isso inibiu o surgimento de uma oferta pela fábrica. “Se for necessário solicitaremos auxílio do governo federal para encontrar investidores”.
O governador é conhecido no meio empresarial e possui negócios na área de eventos para esse público. Os contatos adquiridos ao longo da carreira poderiam ajudar a Ford a abrir negociações com interessados em sua fábrica. Meirelles, a quem o governador deu a missão de buscar os potenciais compradores, foi ministro da Fazenda e tem bom trânsito na indústria e mercado financeiro.
Dória condicionou a venda da fábrica à manutenção das cerca de 2 mil vagas nas linhas de produção, o que, em teoria, estabeleceria o equilíbrio na região de marcante perfil industrial. Ele, no entanto, afirmou que a medida não dispõe de garantias para que o eventual novo dono da fábrica realize a contratação na íntegra. Não há, também, uma espécie de plano alternativo ao da venda da fábrica.
No encontro do governador com a diretoria da Ford ficou estabelecido que a companhia manterá as atividades nas demais unidades que possui no Estado. Estão assegurados a produção de motores e de transmissão em Taubaté, os testes no campo de provas de Tatuí e a armazenagem de componentes no centro de distribuição instalado em Barueri. Também estão mantidas as atividades no prédio administrativo da fábrica. Nestas unidades, ao todo, trabalham cerca de 3 mil funcionários.
Meireles afirmou Agência AutoData disse que haverá uma reunião na próxima semana onde será criado um planejamento de prospecção de interessados na fábrica da Ford de São Bernardo do Campo.
Adquirida pela Ford junto com a Willys Overland em 1967, a histórica fábrica do bairro do Taboão produziu modelos como o Jeep Willys e o utilitário rural, assim como Corcel, Maverick, Del Rey, Pampa, Escort, Ka, Courier e Fiesta. Atualmente saem – ou saíam – de suas linhas os caminhões Cargo e a Série F, além do New Fiesta hatch.
As ações da Ford, listada na Bolsa de Valores de Nova York, fecharam o dia em queda de 2,35%, valendo US$ 8,33. Na abertura estavam cotadas a US$ 8,94.
Foto: Divulgação.
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