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05/01/2015

Honda inaugura parque eólico de R$ 100 milhões no RS

A Honda escolheu a pequena cidade gaúcha de Xangri-lá, de 10 mil habitantes, para iniciar sua nova atividade: a produção de energia. A empresa inaugurou seu primeiro parque eólico do mundo na quarta-feira, 26, depois de dez meses de obras e um investimento de R$ 100 milhões.

O parque eólico possui nove aerogeradores e produzirá o suficiente para atender toda a demanda de energia elétrica da fábrica da Honda Automóveis em Sumaré, SP, que tem capacidade para produzir 120 mil carros/ano.

O terreno que abriga as enormes turbinas – de quase 100 m de altura e 440 toneladas cada uma – divide o espaço com uma plantação de arroz em área de 3,2 milhões de m2, alugada de uma família da região – contrato de vinte anos, que pode ser prolongado por mais dez.

Por ano devem ser gerados cerca de 95 mil MW, o equivalente ao consumo de energia de uma cidade com aproximadamente 35 mil pessoas. Para abastecer a unidade de Sumaré a Honda necessita de 75 mil MW/ano. Portanto a empresa ainda lucrará com a comercialização da energia extra no mercado livre.

Issao Mizoguchi, presidente da Honda na América do Sul, afirma que o lucro não foi o agente decisivo para a construção do parque. Segundo ele “esse é um símbolo do comprometimento da Honda com a sustentabilidade”.

Afinal com o pleno funcionamento do parque a empresa deixará de emitir 2,2 mil toneladas do CO2 por ano, o que representa cerca de 30% do total gerado pela fábrica de automóveis no interior paulista. Na outra ponta a montadora terá custos 40% a 45% menores na fábrica.

Dos R$ 100 milhões investidos para o parque, que emprega dez funcionários, 75% foram destinados para a aquisição dos equipamentos. As torres vieram da China, as pás dos Estados Unidos e os demais equipamentos da Dinamarca.

Segundo Mizoguchi os aportes da Honda Energy, subsidiária criada para administrar a nova atividade da montadora, aumentarão nos próximos anos: “Queremos que nossas outras fábricas também tenham geração própria de energia”.

O presidente refere-se à futura unidade de Itirapina, SP, que começará a produzir no fim de 2015. A fábrica terá capacidade de produção de 120 mil veículos/ano e necessitaria de um parque eólico como o de Xangri-lá para suprir sua demanda:

“Infelizmente não podemos ampliar esse parque porque a instalação de mais aerogeradores prejudicaria a captação de vento, por questão de espaço. Já temos a capacidade máxima nesse parque”. A montadora tem planos, portanto, de construir outros parques eólicos. “Ainda não definimos quando, nem onde. Mas já estamos estudando”.

Para atender à demanda da fábrica de motocicletas de Manaus, AM, seriam necessários cerca de vinte aerogeradores – mais do que o dobro dos equipamentos do parque de Xangri-lá: “Mas aquela região ainda não é integrada ao sistema nacional de distribuição de energia. Dependemos de infraestrutura federal para dar andamento ao projeto”.

A produção de energia eólica da Honda é dependente da infraestrutura federal porque toda a sua produção é escoada pelo Sistema Interligado Nacional, o SIN, e usada como forma de crédito. Funciona assim: a energia gerada no parque gaúcho é enviada para uma rede de energia, que fica a 1,2 quilômetro do local, e direcionada ao sistema nacional – depois disso a Honda pode utilizar o equivalente ao que gerou para suprir a demanda em Sumaré.

A escolha da energia eólica como matriz energética se baseia na menor emissão de CO2. Segundo Mizoguchi a produção de energia termoelétrica gera 180 kg de CO2 por MW, enquanto a hidrelétrica gera 24 kg, a solar 36 kg e a eólica 7kg: “Pesquisamos todas as matrizes e optamos pela mais sustentável”.

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo, o Brasil é o terceiro país do mundo em volume de investimento em energia eólica, perdendo para China e Alemanha. Em termos de capacidade instalada o País ocupa a décima-terceira posição global: “Em breve a energia eólica será nossa segunda matriz energética e o pioneirismo da Honda revela uma tendência da indústria”.